sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fera ferida (1982), de Roberto Carlos - Erasmo Carlos

Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você
Eu sei quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo, sem laços
Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo
Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer
Eu sei que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração

ESCOLAS, SEGUNDO OSCAR WILDE (1844-1900)

"AS ÚNICAS ESCOLAS QUE VALE A PENA FUNDAR SÃO ESCOLAS SEM DISCÍPULOS".

OS 5 JUDEUS QUE MUDARAM A FORMA DE VER O MUNDO

MOISÉS: A LEI É TUDO.
JESUS: O AMOR É TUDO.
MARX: O CAPITAL É TUDO.
FREUD: O SEXO É TUDO.

DEPOIS, VEIO EINSTEIN, QUE MANDOU TUDO À MERDA, DIZENDO: "TUDO É RELATIVO".

ÁGUAS DE SAQUAREMA, LANÇAMENTO DIA 8 DO 8 ÀS 8 DA NOITE, NA CASA DE CULTURA WALMIR AYALA, EM SAQUAREMA-RJ

Livro de poemas faz homenagem a Saquarema
Obra de Latuf Mucci será lançada dia 8 de agosto

Camilo Mota

Uma ode a Saquarema. É como define o autor Latuf Isaías Mucci seu mais recente livro, “Águas de Saquarema” (Tupy Comunicações), cujo lançamento acontece dia 8 de agosto, às 20 horas, na Casa de Cultura Walmir Ayala, no Centro. Natural da Zona da Mata de Minas Gerais, o professor-doutor já percorreu vários países e escolheu o balneário na Região dos Lagos como seu porto seguro. “O livro é um gesto de gratidão para com a cidade que me acolheu”, define o poeta, que reúne nas cerca de 150 páginas textos que fazem um verdadeiro culto à beleza da cidade.

Residindo há 30 anos em Saquarema, Latuf Mucci é mais conhecido como ensaísta e como brilhante palestrante, tendo vários livros publicados. “Águas de Saquarema” é sua segunda incursão pela poesia. Professor associado da Universidade Federal Fluminense (UFF), o doutor em Poética também mantém um blog (professorlatuf.blogspot.com), onde tece um diálogo constante com a literatura, a arte em geral, a vida, enfim. Segundo o escritor Juan Arias, Latuf é o professor amado pelos alunos e que une em sua personalidade as qualidades da fonte e da água, resumindo poeticamente a totalidade dessa figura ímpar que habita o dia a dia de Saquarema e que revela agora ao mundo seu olhar de poeta sobre a cidade e seus pares.

BERTA ANTUNES, POETA DAS JÓIAS

Nas terças-feiras ao entardecer eu me reporto com saudades aos nossos encontros na colina da Serra de Mato Grosso, em Saquarema.Celebrávamos com pastéis, pimentas e o luar. Grande beijo, Berthe

quinta-feira, 30 de julho de 2009

ZULMIRAVILHA: DE MACAÉ PARA ZURIQUE

Latuf. Amor. Meu. Anjo rosa. Professor meu.

Já pensei em postar mil comentários em seu blog. Porque te amo e queria dizer ao mundo.

'NAO, ME PERDOE A PRESSA' ...é a alma dos nossos negócios ... ...NAO - nao é esta a frase correta

'MAS NA VERDADE NADA ESCONDE ESTA MINHA TIMIDEZ' - esta é a frase correta:-)

Aliás... porque também te amo, o que é entao o mundo?

A que mundo deveria eu entao eu me referir, se apesar dos negócios do mundo é tamanha minha timidez quanto a ele?

Que dirá a o SEU MUNDO, Platao de minha essência.

- - - hiféns internetianos.

Cont.Câmbio:
A mim, preocuparia-me mais:

O que seria o mundo sem a Gestahlt latufianamente em mim corporizada ?

Du bist !!!
... ... ... eu, como cotidiano, permeio SUA OBRA
em meu je le ve'!

Beijos, amor e saudades


tuazuka


Como - Gracas a DEUS e aos deuses à esta preocupacao nao me detenho...

Amo-te. MUITO. Z.

ASSIM FALOU NIETZSCHE/ZARATUSTRA

"A VIDA SEM A MÚSICA É UM ERRO, UMA TAREFA CANSATIVA, UM EXÍLIO".

MARIA BETHANIA

Certa vez, Walmir Ayala chamou Maria Bethânia de Nefertite. Quanto a mim, em minha longa adoração por ela, vejo-a como uma Esfinge que canta e dança, uma águia musical, uma garça, uma gazela. Ela é um Orixá, é mais que humana, é divina. Este DVD “As canções que você fez para mim” me arrebata, levando-me ao sétimo céu, de onde não quero voltar. Encorpada, sua voz conduz ao abismo do ser. Cantando as canções de Roberto Carlos, Maria Bethânia encena a antologia da MPB. Sou privilegiado por ter ouvidos, olhos, sensibilidade para contemplar Maria Bethânia.

HERNÁN ULM

Como ya dije en otra oportunidad, celebro que aquél que hizo de su vida un acto poético se traduzca a sí mísmo en unos versos que no lo agotan.

JORGE LOVISOLO, MI LECTOR INTERNACIONAL

Querido Latufinho,Me colma de satisfacción saber que tu oda a Saquarema haga su presentación en sociedad el 8 de agosto: esa fecha ocupará un sitial entrañable en las efemérides de la ciudad que te acoge desde hace treinta. Tus poemas no escaparán a la memoria de los hombres que la habitan. No dudo que los pobladores se convertirán en tu cortejo de rapsodas. Como una desorbitada rosa de los vientos, tus versos abrirán caminos en confines insospechados. Cantarán la epopeya de las "olas disciplinadas".Un abrazo.Jorge

IGOR FAGUNDES

Meu querido Latuf

felizes os deuses, mais ainda os de Saquarema, com esta notícia.

ÁGUAS DE SAQUAREMA

Livro de poemas faz homenagem a Saquarema
Obra de Latuf Mucci será lançada dia 8 de agosto

Camilo Mota

Uma ode a Saquarema. É como define o autor Latuf Isaías Mucci seu mais recente livro, “Águas de Saquarema” (Tupy Comunicações), cujo lançamento acontece dia 8 de agosto, às 20 horas, na Casa de Cultura Walmir Ayala, no Centro. Natural da Zona da Mata de Minas Gerais, o professor-doutor já percorreu vários países e escolheu o balneário na Região dos Lagos como seu porto seguro. “O livro é um gesto de gratidão para com a cidade que me acolheu”, define o poeta, que reúne nas cerca de 150 páginas textos que fazem um verdadeiro culto à beleza da cidade.

Residindo há 30 anos em Saquarema, Latuf Mucci é mais conhecido como ensaísta e como brilhante palestrante, tendo vários livros publicados. “Águas de Saquarema” é sua segunda incursão pela poesia. Professor associado da Universidade Federal Fluminense (UFF), o doutor em Poética também mantém um blog (professorlatuf.blogspot.com), onde tece um diálogo constante com a literatura, a arte em geral, a vida, enfim. Segundo o escritor Juan Arias, Latuf é o professor amado pelos alunos e que une em sua personalidade as qualidades da fonte e da água, resumindo poeticamente a totalidade dessa figura ímpar que habita o dia a dia de Saquarema e que revela agora ao mundo seu olhar de poeta sobre a cidade e seus pares.

from the movie "10 things I hate about you"

You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. You'd be like Heaven to touch. I wanna hold you so much. At long last love has arrived And I thank God I'm alive. You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. I love you, baby, And if it's quite alright, I need you, baby, To warm a lonely night. I love you, baby. Trust in me when I say: Oh, pretty baby, Don't bring me down, I pray. Oh, pretty baby, now that I found you, stay And let me love you, baby. Let me love you

BLUES PARA LICO

BLUES PARA LICO

“He was my North, my South, my East and West”
Funeral blues, W. H. Auden


EM SAQUAREMA
UM SOL SE APAGOU
UM CÉU NOTURNO ESTRELADO FICOU SOTURNO
A JUVENTUDE DOURADA PERDEU UM DOS SEUS ÍCONES
A ARTE NÃO MAIS TEM UM MODELO EXPRESSIONISTA

EM SAQUAREMA
UMA DAS ONDAS MAIS PERFEITAS SE DESFEZ
UMA PRANCHA DE SURFE MUITO ANTIGA SE QUEBROU
UM MENINO, UM JOVEM, UM HOMEM NÃO MAIS PASSEIA POR SEUS RECANTOS
O MAR FORJA, DESDE ENTÃO, LÁGRIMAS E ESPUMAS

SAQUAREMA,
PLENA DE SAUDADES, ORA:
NOVA VIDA, LICO!
ONDAS DE PAZ, LICO!
ETERNA VIDA, LICO!

RETROCESSO

DE BARTHES PARA DESCARTES, UM DESASTRE!

VERDADE INFANTIL

DA BOCA DAS CRIANÇAS, SAI A VERDADE, REPETI EU, PARAFRASEANDO OS EVANGELHOS. E ELE, EM SEUS QUATRO GLORIOSOS ANOS, SENTENCIOU: " EU FALO A VERDADE. SUA CASA É MANEIRA. EU GOSTO DE VOCÊ".

HOME, SWEET HOME

AS PESSOAS QUE VISITAM ESTA MINHA CASA DELA FALAM COISAS, QUE JAMAIS ESQUEÇO: A PRIMEIRA A ESPANTAR-SE FOI MINHA IRMÃ MARTHA, QUE EXCLAMOU: "É UMA CASA CINEMATOGRÁFICA!". FIQUEI TÃO FELIZ COM A OBSERVAÇÃO QUE LHE DEI UM BELO RELÓGIO DE PULSO. TENHO OUVIDO COMENTÁRIOS, COMO: "É UM TEMPLO", "UM MONASTÉRIO", "UMA TEBAIDA"; CLAÚDIA, DE ORIGEM DA MONARQUIA FRANCESA, ARQUITETA FAMOSA E FORMOSA, AFIRMOU, QUANDO ADENTROU, PELA PRIMEIRA VEZ, ESTE RECINTO: "´MAS É UM CENÁRIO DE VISCONTI!" ESSA AFIRMAÇÃO FOI UMA VERDADEIRA CONSAGRAÇÃO. JORGE LOVISOLO, FILÓSOFO ARGENTINO, NÃO CESSAVA DE FALAR, QUANDO CÁ ESTEVE RECENTEMENTE: "SOLO VOS PODÉS VIVIR EN ESTA CASA, NADIE MAS". NATALIA RUIZ DE LOS LLANOS, PROFESSORA DE LATIM E GREGO EM SALTA, NA ARGENTINA, ME DIZIA: "SPECULUM: TU CASA SOS VOS". JÁ OUTRO AMIGO ARGENTINO, O PROFESSOR DE FILOSOFIA HERNÁN ULM, MANDOU-ME E-MAIL, ONDE ME DIZ, TEXTUALMENTE, QUE SEU DESLUMBRAMENTO ABSOLUTO COM OURO PRETO, POR ELE VISITADA PELA PRIMEIRA VEZ, LHE FAZIA PENSAR EM MINHA CASA BARROCA. ONTEM, UM MENINO DE QUATRO ANOS, COM OLHOS ARREGALADOS E PASSEANDO PELA CASA, CUNHOU AQUELA QUE CONSIDERO A MAIS EXATA DEFINIÇÃO DE MEU LAR, DULCÍSSIMO LAR: "É UM LABIRINTO".

quarta-feira, 29 de julho de 2009

BLOG ROSEANA MURRAY

PALESTINA" No mais profundo do nosso ser acharemos água e ao nos submergirmos nela, choraremos. Nascemos na água e a ela retornamos. Morremos quando a água seca. O mar é um leito sobre o qual repousa a terra. As lágrimas são o leito sobre o qual os homens repousam. " Elias KhouryAvanço na leitura do livro La cueva del sol de Elias Khoury e traduzi o pequeno trecho acima porque me comoveu demais. Porque todas as lágrimas do mundo não bastam para narrar a triste saga do povo palestino e vou junto, de aldeia em aldeia, expulsa de todos os lugares. Que história terrível a de povos irmãos que não se reconhecem . Sou judia e tenho um amigo-irmão libanês, Professor Latuf. São tantas as raízes que temos em comum, nossas almas caminham tão juntas, que por mais que busquemos, por mais que se cave a terra para encontrar as razões da exclusão de todo um povo por outro povo que sofreu a mesma coisa, dois mil anos de exílio, inquisição, e um Holocausto, não há razão. Os dois povos poderiam e deveriam viver juntos. Enquanto o milagre não acontece lágrimas cobrem a terra

PROFISSÃO: POETA!

HOJE, DIA 29 DE JULHO DO ANO DA GRAÇA DE 2009, VOU DEFLAGRAR MEU PROCESSO DE APOSENTADORIA, QUANDO DEIXAREI A CENA DO MAGISTÉRIO, ASSUMINDO, DE VEZ E TOTALMENTE, MEU TÍTULO DE POETA, CONSIGNADO NA PLACA QUE ROSEANA MURRAY E JUAN ARIAS TROUXERAM PARA MIM DE GRANADA, TERRA DE GARCÍA LORCA. A PARTIR DE 2011, FICAREI, ENTÃO, LIVRE DAS PRESSÕES UNIVERSITÁRIAS, LIBERTO DAS COERÇÕES ACADÊMICAS, SOLTO DA BUROCRACIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA, DEDICANDO-ME A MIM MESMO - LATOUFAINÉANT -, CONSAGRANDO MEU TEMPO AO TEMPLO DE MINHA CASA, À MÃE-NATUREZA, ÀS ONDAS DESTE MAR ABSOLUTO. POR ORIENTAÇÃO DE ROSEANA E JUAN, ESCREVEREI UM LIVRO - "MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR" -, EM QUE FALAREI DE MINHA EXPERIÊNCIA NO MAGISTÉRIO, DO MÉTODO QUE INVENTEI, E, SOBRETUDO, DO QUESTIONAMENTO DE UMA PROFISSÃO EM DESCOMPASSO TOTAL COM A SOCIEDADE ATUAL. MINHA CONFERÊNCIA, EM CONGRESSO INTERNACIONAL EM BRASÍLIA, INTITULADA "O PROFESSOR, SER ESTRANHO EM TEMPOS DE CIBERESPAÇO, SERÁ UMA "AVANT-PREMIÈRE" DESSE LIVRO-EXAME DE CONSCIÊNCIA.

terça-feira, 28 de julho de 2009

PAIDEUMA: LEITURA/ESCRITURA

TENHO ESCRITO SOBRE OS AUTORES QUE OCUPAM, CONSTANTEMENTE, MINHA PRODUÇÃO TEXTUAL. URGE QUE EU DECLARE, ALÉM DOS ARROLADOS MÁRIO DE ANDRADE, OSCAR WILDE, FERNANDO PESSOA E ROLAND BARTHES, MEUS ESCRITORES FAVORITOS, NO QUE TANGE À LEITURA: CASTRO ALVES, CECÍLIA MEIRELES, MACHADO DE ASSIS, DRUMMOND, MURILO MENDES,WALMIR AYALA, ROSEANA MURRAY, JUAN ARIAS, ALBERTO MANGUEL, SHAKESPEARE, JORGE LOVISOLO, PAULO LEMINSKI, CLARICE LISPECTOR, MÁRIO QUINTANA, GUIMARÃES ROSA, JORGE DE LIMA, SOLANO TRINDADE, ARNALDO ANTUNES, ALEJANDRA PIZARNIK, MÁRIO FAUSTINO, TORQUATO NETO, WALTER BENJAMIN, PLATÃO, NIETZSCHE, UMBERTO ECO, ITALO CALVINO, G. LUKÁCS, JOSÉ GUILHERME MERQUIOR, ALPHONSUS DE GUIMARAENS, MANUEL BANDEIRA, MASSAUD MOISÉS, JOSÉ PAULO PAES, PASOLINI, T. TODOROV, SUSAN SONTAG, OCTAVIO PAZ, PABLO NERUDA, ALFONSINA STORMI, MANOEL DE BARROS, OTTO MARIA CARPEAUX, VINÍCIUS DE MORAIS, CHICO BUARQUE, CAETANO VELOSO, MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO, SOPHIA ANDERSEN DE MELO BREYNER, MAURICE BLANCHOT, BENEDITO NUNES, CARLOS CEIA, VÍTOR AGUIAR E SILVA... ENFIM, UMA LISTA INFINDA. UMA ÓPERA EM ABERTO!

FERNANDO PESSOA, MEU DEUS!

NEM BEM ACABEI DE ARROLAR MAIS UM ESCRITOR EM MINHA LISTA DE AUTORES, SOBRE OS QUAIS ADORO ESCREVER - MÁRIO DE ANDRADE, OSCAR WILDE, JORGE LUIS BORGES, ROLAND BARTHES, SURGE-ME FERNANDO PESSOA, OU MELHOR, FERNANDO PESSOAS, MEU POETA FAVORITÍSSIMO, QUE, PARA MIM, EMBLEMA TODA A POESIA DE TODOS OS TEMPOS. FICO ZONZO ESCREVENDO SOBRE O POETA DE "MENSAGEM" (1934), POR QUEM SINTO UMA EMPATIA TAMANHA QUE TENHO VONTADE DE COLOCÁ-LO NO COLO, COMO SE EU FORA UMA MÃE, NASCIDA DEPOIS DO FILHO. FERNANDO PESSOA É UM OLIMPO, UM ABISMO, UMA PAIDÉIA, O CÉU, O MAR, A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA, A INTERNET ANTES DA INTERNET, O ARROUBO, O ASSOMBRO, O AR, A TERRA, A ÁGUA E O AR DA POESIA. AMÉM!

SONETO, MÁRIO DE ANDRADE

Aceitarás o amor como eu o encaro?...
... Azul bem leve, em nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de milhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

AMORES PERENES

ENTRE MEUS AMORES DE TEXTO, QUASE IA ME ESQUECENDO DE UM OUTRO FANTASMA QUE RONDA MINHAS LINHAS: JORGE LUIS BORGES. POETA, CONTISTA E ENSAÍSTA, FOI ELE QUEM ME LANÇOU, DE VEZ, NO UNIVERSO DA LITERATURA: LI, HÁ ALGUMAS DÉCADAS, "SETE NOITES", UM LIVRO ESPLÊNDIDO DE SETE CONFERÊNCIAS POR ELE PRONUNCIADA E ME APAIXONEI PERDIDAMENTE POR ESSE ARGENTINO UNIVERSAL. DESCONFIO, SINCERAMENTE, QUE BORGES LIA, SEM CONFESSAR, ROLAND BARTHES, MAS ESSA DESCONFIANÇA MINEIRA MINHA JÁ SERIA OUTRA CONVERSA...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Que reste-t-il de nos amours, Charles Trenet

Que reste-t-il de nos amours
Ce soir le vent qui frappe à ma porte
Me parle des amours mortes
Devant le feu qui s' éteint
Ce soir c'est une chanson d' automne
Dans la maison qui frissonne
Et je pense aux jours lointains
{Refrain:}
Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse
Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse
Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi
Un petit village, un vieux clocher
Un paysage si bien caché
Et dans un nuage le cher visage
De mon passé
Les mots les mots tendres qu'on murmure
Les caresses les plus pures
Les serments au fond des bois
Les fleurs qu'on retrouve dans un livre
Dont le parfum vous enivre
Se sont envolés pourquoi?

LATUF È MOBILE

ESTOU, ATUALMENTE, IMERSO EM ALGUNS ENSAIOS, QUE , PIAN PIANO, VOU ESCREVENDO E ME PERGUNTANDO POR QUAL AUTOR, CORPUS DO MEU TRABALHO DIUTURNO, MAIS ME APAIXONO. DOIS PÓLOS DE MINHA ATUAL PRODUÇÃO SÃO OSCAR WILDE E MÁRIO DE ANDRADE, AMBOS AMORES ANTIQUÍSSIMOS, COMO A NOITE DE FERNANDO PESSOA (OUTRA PAIXÃO MINHA AVASSALADORA). ENTRE WILDE E MÁRIO, MON COEUR BALANCE, COMO DISSE, CERTA VEZ, BRIGITTE BARDOT, MUSA DE BÚZIOS. NESTE MOMENTO (IN THIS VERY MOMENT), CAIO MAIS PARA OSCAR WILDE, QUE FOI UM MÁRTIR DA LIBERDADE DE AMAR. TAMBÉM MÁRIO TEVE UM AMOR INTRANSITIVO, MAS NÃO FOI ELE ALVO DA CRUELDADE EXACERBADA DE UMA SOCIEDADE MORALISTA. DEPOIS, QUEM SABE, VOLTAREI A COLOCAR MÁRIO NO MAIS ALTO PEDESTAL DE MEU OLIMPO. POR ORA, ESTOU PREFERINDO OSCAR. NO MEIO DISSO TUDO, OUTRO ESCRITOR DE MINHA PAIXÃO VAI COSTURANDO A TEIA DE MEUS AMORES: ROLAND BARTHES, CUJA SEMIOLOGIA SEMINAL ME CONFORMA. MAS O AUTOR DO BELÍSSIMO " FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO" NÃO FOI FELIZ NO AMOR. JÁ EU... O TEXTO ME CONSOLA.

Fly me to the moon

Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, darling, kiss me
Fill my life with song
And let me sing for ever more
You are all I long for
All I worship and adore
In other words, please be true
In other words, I love you
Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, darling, kiss me
Fill my life with song
Let me sing for ever more
You are all I long for
All I worship and adore
In other words, please be true
In other words, in other words
In other words, in other words
In other words
I love ... you

domingo, 26 de julho de 2009

A marcha da pantera: Clarice Lispector , por Olga de Sá

No dia 9 de dezembro, faz 24 anos da morte de Clarice, ocorrida em 1977. Esquecida pela mídia, cada vez mais estudada nos meios universitários e amada por seus leitores no Brasil e no exterior, Clarice Lispector continua viva na Literatura Brasileira contemporânea.
O primeiro romance de Clarice Lispector, Perto do coração selvagem, projetou-a imediatamente na Literatura Brasileira, como uma ficcionista consciente de seus meios de expressão.
Pretendendo traduzir o que existe de complexo e contraditório no mundo, a romancista teve de violentar a lógica da linguagem, fertilizá-la, torná-la adequada e flexível.
Assumindo um ritmo pessoal de narrativa, permeando-a de uma nota poética imprevista, Clarice rompe com a linearidade do romance tradicional, cria uma “estilística das sensações”, um dicionário imagético pessoal, articula uma “ordenação estrutural” de seus contos e romances, capaz de questionar concretamente as concepções naturalistas do gênero e de situá-la na mesma linhagem renovadora da literatura universal: Virginia Woolf, Joyce e outros.

Os problemas gerais da linguagem, da escritura, da existência e da morte, provocam “digressões” na escritura de Clarice Lispector, retardam a narrativa, fecundam as “entrelinhas” e são responsáveis por aquele caráter “ensaístico” que alguns críticos lhe censuram. Nunca, porém, essas “digressões”se caricaturam em dissertações ou assumem forma discursiva. Clarice jamais tenta ganhar o leitor para uma causa. Apenas enuncia. Sua enunciação, pontuada de comparações, de “como se”, alonga-se numa tentativa sempre recomeçada de atingir uma expressão à altura de sua percepção do mundo, ou melhor, à altura de sua cosmovisão singular e diferenciada.
Diz em A legião estrangeira: “nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção” (p. 143).
O processo de criação de Clarice Lispector sempre foi objeto de indagação e de comentário, seja da crônica jornalística, seja da crítica literária. Correu uma espécie de lenda de que ela escrevia em transe. Sobre o assunto, foi entrevistada pelo jornalista Edgar Pereira. Clarice não costumava comentar o que escreviam sobre ela, mas a este jornalista respondeu:
“Eu não disse isso: que escrevia em transe. Simplesmente porque não é verdade. Jamais caí em transe em minha vida. Não psicografo nem baixa em mim nenhum pai-de-santo. Sou como qualquer outro escritor. Em mim, como em alguns que não são apenas racionalistas, o processo de gestação se faz sem demasiada interferência do raciocínio lógico e quando de repente emerge à tona da consciência vem em forma do que se chama inspiração”.

Trabalho do inconsciente e de sua própria ruminação interior. Dizia que só conseguia a simplicidade à custa de muito trabalho.
Reescreveu A maçã no escuro onze vezes e nesse tempo foi interrompida por seu filho Paulo que lhe pedia uma história. Inventou O mistério do coelho pensante, conto infantil, que não faz nenhuma concessão às crianças, no sentido de ensinar-lhes alguma moral, como nas fábulas. A história do coelhinho que, inexplicavelmente foge da gaiola porque está com fome, continua inexplicável até o fim. Ninguém sabe, nem o leitor, nem as crianças, nem o narrador, como é que o coelhinho gordo escapou das grades pelas quais era impossível, que passasse.
Clarice também não revia seus livros, depois de publicados. Só existe 2ª ed. revista de A cidade sitiada, com mais de mil correções. Mas são correções sem nenhum peso literário: acrescenta um sujeito, um verbo, uma pontuação, parágrafos, sempre para deixar mais claro o que certa espécie de leitor e de crítico considerou hermético.
Diz Clarice:
“Eu mesma poderia pegar um livro meu e tirar coisas que até eu vejo que não deveriam ali estar. Porque depois do livro pronto já posso ir me desligando dele. Às vezes o livro está com pernas demais. Mas é difícil saber se a gente está cortando a perna que anda ou a perna morta”.
“Eu não me incomodo muito com defeito. Defeito é coisa que nunca me atrapalhou”.

A Editora Rocco está reeditando a obra de Clarice Lispector. Na Apresentação, a encarregada dessa edição – Marlene Olinto – sublinha esse traço característico de Clarice. Como existem pouquíssimos manuscritos e poucos originais de seus escritos, torna-se não só difícil, mas quase impossível, rastrear influências ou mostrar a gênese e o desenvolvimento de sua escritura. A nova edição só corrige os erros, que se acumularam, nas sucessivas edições das obras, de uma Editora para outra.
Quando se tratou de fazer a edição critica de A paixão segundo G.H., coordenada por Benedito Nunes e da qual participei, não se encontrou o original da obra. Foi preciso ilustrar a edição com manuscritos do conto A bela e a fera.
Clarice não escrevia em transe. Tomava notas em papéis, durante o dia e, às vezes, acordando à noite e assim criou seu Fundo de gaveta. Depois reunia os apontamentos e dizia: “Estou preparada”, que significava estar com a ponta do lápis feita. Quando seus filhos eram pequenos, e viajava como esposa de diplomata, trabalhava com máquina de escrever no colo, sempre interrompida pelos meninos.
Clarice não escrevia em transe. Era uma curiosa da “terceira margem”da realidade, gostava de coisas esotéricas, de cartomantes. Macabea, personagem de A hora da estrela vai à cartomante, que lhe anuncia um destino luminoso com o estrangeiro, que a fará feliz. Macabea é atropelada por um Mercedes e vive sua hora de estrela, morrendo rodeada de curiosos.
Convidada para representar o Brasil no Congresso de Bruxaria, de Bogotá, os bruxos esperavam que ela fizesse alguma mágica, ou falasse de esoterismo.
Clarice limitou-se a ler seu conto O ovo e a galinha, conto mágico pela plurissignificação. Clarice também se dizia mágica, mas sua magia está no jogo da linguagem, na capacidade de criar um logos pessoal, fascinante, desafio ao leitor que, empaticamente é atraído por sua escritura ou dela se afasta, decepcionado.
Por isso, não começar a ler os textos clariceanos por A maçã no escuro, O lustre ou A paixão. Abordá-la pelos contos de Laços de família, Perto do coração selvagem, Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres.
Clarice não é uma escritora hermética ou difícil. Não criava palavras novas, trabalhando o significante como Guimarães Rosa, porque afirmou encontrar no dicionário todas as palavras necessárias, para o que desejava exprimir. O que em seus textos causa estranheza é a sintaxe, a serviço de figuras tais como paradoxos, oxímoros, antíteses, núcleos metafóricos, repetições.
Na apresentação de A Paixão, dirige-se pela primeira vez a possíveis leitores”.
“Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aqueles que sabem que a aproximação do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo de que se vai aproximar”.
Como “viver é difícil” e escrever é viver, não escrever é morrer, há dois focos imantados que percorrem a obra clariceana, dilaceram sua escritura, nessa ânsia de nomear o ser, sabendo que o perde.
1. O pólo epifânico, constituído pelos procedimentos literários que exprimem as epifanias de beleza, que revelam o ser num dado momento excepcional e convidam a personagem a revirar a própria existência.
2. O pólo paródico, constituído pela paródia séria, não burlesca, que denuncia o ser, pelo desgaste do signo, desescrevendo o que foi escrito, num perpétuo diálogo com seus próprios textos e com outros textos do universo literário. Neste caso, intertextualidade e intratextualidade se constituem em procedimentos paródicos.
Na passagem, na transição de um procedimento a outro que naturalmente não é cronológica, mas simultânea, existe a epifania do feio que chamei “anti-epifania”.
Nas camadas da escritura clariceana, há, portanto, duas tonalidades fundamentais:
1. o tom maior, que se espraia e se condensa em núcleos metafóricos, cujo eixo são a água, a terra, o ar e o fogo, como elementos sensíveis, que organizam a escritura porque organizam o mundo. Esses signos às vezes se “iconizam”como no caso da “barata”de A Paixão ou A Mulher e o Cavalo, se desdobram a ponto de despertar no leitor a impressão de certo barroquismo, certo esbanjamento. Este tom maior está presente em sua obra inaugural Perto do coração selvagem, em O lustre, Água viva, A maçã no escuro, em que atinge seu clímax.

2. O tom menor, o contra-canto, que já aparecem nos romances citados, instaura-se, singularmente, como paródia séria em seu terceiro romance, A cidade sitiada.

A partir daí, quase todos os títulos de seus romances exprimem, por meio de uma contradição interna, contrastante com as epifanias de beleza, o limite do ser e do escrever.
A cidade (é) sitiada / A maçã (está) no escuro / A paixão (é) segundo G.H. / O livro dos prazeres (é) aprendizagem / A hora (é) da estrela (de cinema).
Onde o contraste? O ser para Clarice apresenta uma face sensível, sensorial, capaz de ser colhida e expressa pela linguagem, uma face concreta, alcançável, a serviço da qual ela cria imagens estranhas, símbolos, recursos flexíveis e múltiplos:
- é a cidade provinciana invadida pelo progresso;
- a maçã vermelha, apetecível sobre a mesa;
- a paixão, esperada pelo leitor como erótica, “vida e amores de G.H.”
- a felicidade alcançável entre homem e mulher, como num “manual para ser feliz”.
- A hora cronológica da morte, como “hora” de estrela de cinema, Marilyn Monroe.

A outra face do ser é obscura e misteriosa, escondida e talvez a linguagem não a atinja nunca. Essa face não se entrega ao signo, que se multiplica e desdobra, se condensa e forma núcleos. São as epifanias de beleza.
Exemplos existem inúmeros. Clarice não teoriza sobre a epifania nem usa esse termo, que lhe chega via Joyce.
Joyce colheu-o na esfera religiosa e transformou-o em técnica literária. Cancelou-o como um momento de revelação do ser, (O retrato do artista quando jovem, Dublinenses), colhido pelo sujeito, e criou-o como momento objetivo, em que se constrói a epifania no texto (Ulisses ou Finnegans Wake).
Em Clarice, a cena do banho em Perto do coração selvagem ou a do cego e do Jardim Botânico no conto Amor, são epifanias de beleza, que traduzem , no primeiro caso, a estranheza sensível da puberdade, quando a menina se transfigura em mulher; no segundo caso, a exuberância da vida e da própria ânsia de existir, a que a mulher presa, na rotina do lar, não tem acesso. Como Joana, protagonista de Perto do coração selvagem, que era “tristemente uma mulher feliz”, os Laços de família que prendem e esterilizam, estereotipados na velha aniversariante festejada e ridicularizada pelos filhos, netos, genros e noras, mas que tem plena consciência de sua irônica situação.
Quanto à paródia, aparece no texto clariceano, no seu sentido etimológico de: “pará” = junto, ao lado de; “ode”= ode, canto e, portanto, “canto paralelo”, diálogo de vozes textuais. Não, no sentido de imitação burlesca, para ridicularizar ou levar ao riso.
Perceber um texto como paródico é reconhecer em filigrana um outro texto, revelar a aproximação ou o afastamento entre os textos. Os índices materiais de empréstimo – aspas, tipo itálico, referências – em princípio não são usados. Para reconhecer a paródia, o crítico deve conhecer o sub-texto e o contexto, a que a obra se refere.
A paródia não é, portanto, só um fato de escritura, mas um fato de leitura. A análise interna de um texto e sua descrição retórica não são suficientes para revelar seu caráter paródico.
A paródia, considerada escritura de conotação, oferece, além de seu significado imediato, um significado segundo, o texto parodiado, e pode ser igualmente descrita como metalinguagem. É um discurso que toma por objeto um outro discurso.
É uma operação no sentido lógico do termo. A paródia manifesta a duplicidade de uma atração e de uma recusa. Tem como referente sistemas significantes, não a sociedade. Combate o conformismo e transgride o sentido.
Na modernidade, a paródia não é considerada, como na primeira metade do século XIX, um gênero menor. Ela caracteriza a escritura moderna, organizada em espaço de tensões, que se abre para a totalidade cultural e a complexidade do existir humano, em meio aos impasses da civilização e da cultura.
Focalizei esse aspecto no texto clariceano nas quase 300 páginas do ensaio: Clarice Lispector: a travessia do oposto.
Clarice era de família judia e tinha um conhecimento amplo e profundo da Bíblia.
Além do paralelismo bíblico, de que Clarice aproveita a repetição e usa como procedimento poético, o texto de A Paixão parodia textos bíblicos.
A experiência de G.H., narrada por ela mesma depois que atinge o silêncio, é um percurso místico às avessas: a personagem G.H. é uma escultora amadora, que gosta de arrumar as coisas; é uma mulher que tem amantes, não tem olhos para a sua empregada Janair, vive num mundo “quase”, onde nada chega ao clímax. Tudo é medíocre. O espaço da experiência é um quarto de empregada, num apartamento de cobertura, esturricado de sol. Todos os “topoi” de uma experiência mística estão revertidos. O “êxtase”de G.H., deve passar pela manducação da barata, inseto imundo, segundo o Levítico – livro bíblico – que sem burla, substitui a manducação da hóstia.
Para chegar à imanência e comungar com o Deus, presente em toda a matéria do universo, G.H. tem de renunciar à transcendência de ser humano, que, ao contrário da vida plena animal, criou uma “subjetivação” ao longo dos séculos.
Só comungando a massa da barata, que vem da aurora do mundo, G.H. alcançará a “divinização”. Saberá então que “o imundo não é imundo”, pois é plasma vivo.
Não há mais espaço para esperança e futuro. É a hora de viver, sem palavras, o instante-já. G.H., em vez de recuar, vende a própria alma para saber (mito fáustico).
“Mas é que o inferno já me tomara, meu amor, o inferno da curiosidade malsã. Eu já estava vendendo a minha alma humana, porque ver já começara a me consumir em prazer, eu vendia o meu futuro, eu vendia a minha salvação, eu nos vendia”.
Atingia assim o núcleo da vida, o infernalmente inexpressivo, o nada. Todo esforço humano de salvação, que consiste em transcender, é eliminado para se ficar dentro do que é.
No mundo-barata não há piedade, elimina-se a “sentimentação” (uma das poucas palavras criadas por Clarice). A ferocidade mútua permite o assassinato de um ser pelo outro. Se a barata fosse mais forte, certamente madeixa quieta e vigilantemente matar. O texto estrutura-se sobre o paradoxo perder/ganhar, que tem fundamento bíblico.
Por que quem quiser salvar a sua vida, perde-la-á”. (Lc 9,24).
Indiciada na barata-fêmea esmagada pela cintura, metonímia da mulher, G.H. deixa cair a persona, “rosto de prata e beleza”- sua máscara humana – e chama pela mãe ancestral, parodiando a Ave-maria: “Mãe bendita sois entre as baratas, agora e na hora desta tua minha morte, barata e jóia”.
Nos interstícios da matéria primordial, a respiração do mundo é uma espécie de silêncio. O plasma, as entranhas vivas da matéria, subjazem à organização humana. Ao neutro do sêmen é inerente o ritual da vida, que G.H. pode recuperar, porque nasceu com ele. Já não tem medo de cumprir o ritual consumidor, que lhe é imanente:
“é o próprio processar-se de vida no núcleo”, “é a marca do Deus”.
A alegria de perder-se é uma alegria cega, uma alegria de sabá. A orgia do sabá realiza-se, nos textos de Clarice, sempre de noite. É a face dionisíaca de sua escritura, oposta à face apolínea, que também a caracteriza. Ângela, personagem de Um Sopro de Vida, livro póstumo, é a face dionisíaca de Clarice, oposta ao autor, sua face racional.
A questionadora postura de Clarice sobre escrever/viver, linguagem/ser enquadra a palavra escrita como instrumental da existência.
O drama vivencial de Clarice Lispector é um drama fáustico. Não por meio de influências existencialistas, via Sartre ou Heidegger, nem por meio de filtros, fechada num gabinete gótico, entre retortas, escrevendo em transe.
Vendeu a alma para saber, vendeu a vida para escrever. “Escrevo logo existo”, eis sua fórmula existencial, que Descartes baseou no pensar e Benedito Nunes formulou para ela em termos de narrativa:
“Narro, logo existo” ou formulando de outro modo: “narro, para compreender”.
Duvidar da palavra não era simplesmente um problema acidental para Clarice. Era duvidar da forma como lhe escorria a existência. Nasceu “incumbida”. Na sua escritura. Na sua sinuosa e direta marcha de pantera.

____________. “Paródia e metafísica”. In: Lispector, Clarice. A paixão segundo G.H., p. 213-236. Ed. Crítica, coord. por Benedito Nunes, notas de Olga de Sá, UNESCO, Coleçãso Arquivos, nº 13.

CLARICE LISPECTOR, POR CARLSO DRUMMOND DE ANDRADE

Clarice
veio de um mistério, partiu para outro.
Ficamos sem saber a essência do mistério
Ou o mistério não era essencial, era Clarice viajando nele(...)
Fascinava-nos apenas
Deixamos para compreendê-la mais tarde
Mais tarda um dia.. saberemos amar diante.

sábado, 25 de julho de 2009

CHUVA NOTURNA

AGORA, NO FUNDO DA NOITE,
MÃOS ANÔNIMAS TOCAM UM PIANO.
EU SONHO COM CHOPIN OUVINDO BAUDELAIRE.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

HISTÓRIAS DO EDEN

Quando Deus criou Adão e Eva, disse aos dois:- Tenho dois presentes para distribuir entre vocês: um é para fazer xixi em pé e o outro... Adão, ansiosíssimo, interrompeu, gritando:- Eu! Eu! Eu! Eu! Eu quero, por favor... Senhor, por favor, por favor? Me facilitaria a vida substancialmente! Por favor! Por favor! Por Favor!Eva concordou e disse que essas coisas não tinham importância para ela.Então Deus presenteou Adão.Adão ficou maravilhado. Gritava de alegria, corria pelo jardim do Éden fazendo xixi em todas as árvores. Correu pela Praia fazendo desenhos com seu xixi na areia. Brincava de chafariz. Acendia uma fogueirinha e brincava de bombeiro...Deus e Eva contemplavam o homem louco de felicidade, até que Eva perguntou a Deus:- E... Qual é o outro presente?Deus respondeu:- Cérebro, Eva, cérebro!

Nota:Mandei este mail exclusivamente para senhoras, para se sentirem justiçadas e para eu ficar bem visto.Por uma questão de informação complementar, deve-se acrescentar que a primeira versão do cérebro, apresentava alguns “bugs”, a tal ponto que Deus teve que elaborar um service pack 1, e depois um service pack 2 e por aí fora, mas acabou por abandonar, que aquilo não tinha remédio, e concebeu um novo sistema operativo, que então experimentou no homem.Ainda hoje Deus anda à procura do “patch” que torne compatíveis os dois sistemas operativos. Segundo as últimas notícias, não só não conseguiu, como está prestes a declarar a falência da sua empresa de software.

QUARENTA ANOS, DE MÁRIO DE ANDRADE

QUARENTA ANOS
A vida é pra mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em se sofrendo.

Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
Disso, persisto em me enganar... Eu ouso
Dizer que a vida foi o bem precioso
Que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo

Seria, agora que a velhice avança,
Que me sinto completo e além da sorte,
Me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh sono, vem!... Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano com que amei a vida.

A Costela do Grão Cão, 1933 – Mário de Andrade

LUNDU DOE SCRITOR DIFÍCIL, MÁRIO DE ANDRADE, EM "A COSTELA DO GRÃ CÃO"

Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar de uma vez:
E só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez.

CANÇÃO, DE ANTÔNIO BOTTO (1897-1959)

NÃO. BEIJEMO-NOS, APENAS,
NESTA AGONIA DA TARDE.

GUARDA -
PARA OUTRO MOMENTO,
TEU CORPO VIRIL TRIGUEIRO.

O MEU DESEJO NÃO ARDE
E A CONVIVÊNCIA CONTIGO
MODIFICOU-SE - SOU OUTRO...

A NÉVOA DA NOITE CAI.
JÁ MAL DISTINGO A COR FULVA
DOS TEUS CABELOS - ÉS LINDO!

A MORTE
DEVIA SER
UMA VAGA FANTASIA!

DÁ-ME O TEU BRAÇO: - NÃO PONHAS
ESSE DESMAIO NA VOZ.

SIM, BEIJEMO-NOS APENAS!,
- QUE PRECISAMOS NÓS?

SONETO, MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945)

Aceitarás o amor como eu o encaro?...
... Azul bem leve, em nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de milhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas

IDISH MAMMA

POR QUE SERÁ QUE GOSTO DE CHAMAR A ROSEANA MURRAY DE MINHA IDISH MAMMA, A ELA QUE É MUITO MAIS JOVEM DO QUE EU? A ESSE SINTAGMA CONFIRO OUTRO CONOTAÇÃO, NA MEDIDA EM QUE CONSIDERO ESSA POETA CARIOCA, RADICADA EM SAQUAREMA, COMO EMBLEMA DA CULTURA JUDAICA QUE, POR TER SIDO EDUCADO NA RELIGIÃO CATÓLICA, CONHEÇO BEM, MAS QUE, ATRAVÉS DA MINHA AMIGA JUDIA, VIVENCIO MAIS DE PERTO, APRENDENDO, SEMPRE, IMENSAMENTE EM CADA CONVERSAÇÃO NOSSA, QUASE COTIDIANA. VOU APREENDENDO, FERVOROSAMENTE, OS VERDADEIROS VALORES CULTURAIS DO JUDAÍSMO, PORQUE TENHO, AO ALCANCE DA MÃO E DESTE VETUSTO CORAÇÃO, UMA MÃE QUE GERA, O TEMPO TODO, POESIA, A POESIA QUE TRANSCENDE FRONTEIRAS DE TEMPO, ESPAÇO, ETNIAS.

"ORDEM", CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1902-1987)

QUANDO A FOLHINHA DE MARIANA
EXATA INFORMATIVA SANTIFICADA
REGULAVA O TEMPO, AS COLHEITAS,
OS CASAMENTOS E ATÉ A HORA DE MORRER,
O MUNDO ERA MAIS INTELIGÍVEL,
PAIRAVA CERTA GRAÇA AO VIVER.
HOJE QUEM É QUE PODE?

VÍNCULOS DE UM DECANO

Pensando bem, tenho, sim, orientação no PPGCA, dado que a excelente Rosana Ramalho concedeu-me a subida honra de ser seu orientador em sua pesquisa de pós-doc. Eis, pois, uma sublime conjunção: professor efetivo no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Arte, da UFF, orienta, em nível de pós-doutoramento, no Programa de Pós-Graduação em Letras, da UFF, onde é professor convidado, a Professora efetiva do Programa de Pós-Graduação em Belas Artes, na UFRJ, e professora convidada do PPGCA. Não é maravilhoso, e talvez inédito, ser elo, embora modesto, de tantos estudos?

INQUIETAÇÃO INSONE

DORMIR, DORMIR
PARA PODER PRODUZIR.
SERÁ QUE FERNANDO PESSOA DORMIA?
NIETZSCHE SE AUTO-DESIGNAVA COMO "O INSONE".

quinta-feira, 23 de julho de 2009

SEMIÓTICA DE LA INDUMENTARIA

He visto Hernán en Salta, Argentina, por su cumpleaños, el 4 de Julio pasado. Hemos marcado un reencuentro de estudios en mi UUF para mediodía de hoy. Para hacer un homenaje a mi amigo, me vesti todo de Salta: un ponche salteño, una camisa con los colores de la bandera de Salta y medias con colores indígenas, compradas en Salta, la Linda. Yo me sentía una empanada salteña. Cuando, después de presidir a una banca de avaluación de trabajo de fín de graduación justamente sobre Borges, he descido las escaleras del campus, avisté a Hernán con la écharpe "Arafat", que le presenté. Él era un salteño vestido de libanés y yo era un libanés-brasileño con ropa de Salta.

terça-feira, 21 de julho de 2009

MARTINUS VON BIBERTACH

VENGO DE NO SÉ DONDE,
SOY NO SÉ QUIÉN,
MUERO NO SÉ CUANDO,
VOY A NO SÉ DÓNDE,
ME ASOMBRO DE ESTAR TAN ALEGRE.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

JORGE LOVISOLO CON PASIÓN

Mi conocimiento de Brasil no iba más allá de un conocimiento filatélico. Después del viaje y de tus fotos he comenzado a amarlo. La opulenta belleza de Minas me fascinó, qué encanto! Si la suerte me depara un retorno no dejaré de conocer tu omphalos.AbrazoJorge

Fever, by Eddie Cooley / Otis Blackwell

Never know how much I love you
Never know how much I care
When you put your arms around me
I get a fever that's so hard to bear
You give me fever when you kiss me
Fever when you hold me tight
Fever in the morning
Fever all through the night.
Ev'rybody's got the fever
that is something you all know
Fever isn't such a new thing
Fever started long ago
Sun lights up the daytime
Moon lights up the night
I light up when you call my name
And you know I'm gonna treat you right
You give me fever when you kiss me
Fever when you hold me tight
Fever in the morning
Fever all through the night
Romeo loved Juliet
Juliet she felt the same
When he put his arms around her
He said 'Julie, baby, you're my flame
Thou giv-est fever when we kisseth
Fever with the flaming youth
Fever I'm afire
Fever yea I burn for sooth'
Captain Smith and Pocahantas
Had a very mad affair
When her daddy tried to kill him
She said 'Daddy, o, don't you dare
He gives me fever with his kisses
Fever when he holds me tight
Fever, I'm his misses,
Oh daddy, won't you treat him right'
Now you've listened to my story
Here's the point that I have made
Cats were born to give chicks fever
Be it Fahrenheit or centigrade
They give you fever when you kiss them
Fever if you live and learn
Fever till you sizzle
What a lovely way to burn
What a lovely way to burn
What a lovely way to burn

OSCAR WILDE & BOSIE

Letter to Lord Alfred Douglas January 1893
My Own Boy,
Your sonnet is quite lovely, and it is a marvelthat those rose-leaf lips of yours should have been madeno less for music of song than for madness of kisses.Your slim gilt soul walks between passion and poetry.I know Hyacinthus, whom Apollo loved so madly,was you in Greek days. Why are you alone in London, and when do you go to Salisbury?Do go there to cool your hands in the grey twilight ofGothic things, and come here whenever you like.It is a lovely place--it only lacks you; but go toSalisbury first. Always, with undying love, Yours,Oscar

Notes:1. Douglas' mother, the Lady Queensberry, had a house in Salisbury called St. Ann's Gate in the Close.2. Douglas sent Wilde a sonnet entitled In Sarum Close (1892). Its third and fourth lines read as follows:I thought to cool my burning handsIn this calm twilight of gray Gothic things.3. The letter was subsequently translated into French by Pierre Louys (below) and published in the May 4, 1893edition of the Oxford undergraduate magazine The Spirit Lamp edited by Douglas. It was later stolen, usedas material for attempted blackmail against Wilde, and finally read in court during the trials.

SOME VERSES BY LORD ALFRED DOUGLAS, WILDE'S LOVER

"Love that weaves the years on time's slow loom" - from the sonnet, To Olive
"The hunter's cry wounds the deep darkness" - from the sonnet, Beauty and the Hunter
"To clutch life's hair, and thrust one naked phraseLike a lean knife through the ribs of time" - from the sonnet, The City of the Soul
"All good poetry is forged slowly and patiently, link by link, with sweat and blood and tears."- Lord Alfred Douglas

"Unlike Swinburne, Douglas never wearies. Unlike Rossetti,he is never concerned merely with verbal felicities. UnlikeBrowning, he never lacks the lucidity of expression. UnlikeWilde, he is never the showman, but always the poet. Whatevermay be his personal eccentricities, he sublimates them in art.In spite of private quarrels and public scandals, in spite ofpolitical feuds and literary vendettas, malice cannot gainsaythe vigor of his diction and the loftiness of his lyric vision." ~ George Sylvester Viereck

domingo, 19 de julho de 2009

¿Odian los occidentales el islam?

El tratamiento político y mediático de los musulmanes que se hace en Europa y Estados Unidos está lleno de prejuicios y doble rasero. A ello contribuyen los que hacen una lectura retrógrada de esta religión
ALAA AL-ASWANY 17/07/2009


Denny Pattyn es un sacerdote estadounidense un poco especial. En 1996 creó en Arizona un programa llamado El anillo de plata cuyo objetivo fundamental es instar a chicas y chicos a abstenerse del sexo antes de casarse y convencerlos de que el sexo fuera del matrimonio es malo y pecaminoso. Pattyn celebra actos periódicos a los que asisten cientos de jóvenes estadounidenses que leen con él la Biblia y prometen ante el Señor conservar su virginidad para sus futuros esposos. Al final de la celebración, cada joven se coloca en la mano izquierda un anillo de plata que no se quitará hasta que se case. La campaña de Pattyn, que ya tiene un gran número de adeptos en Estados Unidos, se ha marcado el objetivo de obtener las promesas de más de dos millones de seguidores de aquí al próximo año. Su movimiento ha recibido fondos del Gobierno norteamericano.
Hay que rescatar al islam de todas las tonterías y falsedades con que unos y otros lo han asociado
En contra de la lectura wahabí, la democracia es esencial para el mundo árabe y musulmán
En la televisión francesa vi un largo programa sobre el reverendo Pattyn, en el que sus seguidores defendían la virginidad como prueba de virtud. Aparecía también un psicólogo francés dispuesto a discutir sus ideas y mostrarse respetuosamente en desacuerdo con ellos. Empecé a pensar: las ideas de Pattyn sobre la castidad coinciden con las de la cultura tradicional arábigo-musulmana y, sin embargo, en la televisión francesa hablan educadamente del reverendo porque es norteamericano, cristiano y blanco. Si un árabe o un musulmán hubiera dicho lo mismo, se habría enfrentado a un torrente de acusaciones -empezando por las de retrógrado, bárbaro- y lleno de desprecio por las mujeres. Como prueban numerosos ejemplos, este doble rasero de Occidente está muy extendido.
Hace poco hubo elecciones en Irán y el vencedor oficial fue el presidente Ahmadineyad. Pero los resultados se pusieron en duda y se oyeron acusaciones de manipulación. Los gobiernos occidentales se alzaron indignados e hicieron declaraciones públicas de apoyo a la democracia en Irán. Y eso me hace preguntarme: las elecciones egipcias están amañadas desde hace muchos años y el presidente Mubarak se ha afianzado en el poder a base de referendos manipulados, así que ¿por qué eso jamás ha provocado la ira de los políticos occidentales? La respuesta es que el propósito de este clamor no es promover la democracia en Irán, sino abochornar a su régimen, que es hostil a Israel y está intentando desarrollar su capacidad nuclear, o sea, que supone una amenaza para el imperialismo occidental. En cambio, el régimen egipcio, a pesar de ser despótico y corrupto, es dócil y obediente, y sus políticas sirven los intereses de Israel y EE UU, de modo que los medios occidentales pasan por alto sus faltas, por espantosas que sean.
Durante las manifestaciones recientes en Irán, la joven Neda Sultan fue abatida por un disparo de origen desconocido y su muerte ocupó los titulares de los medios de comunicación de todo el mundo. A los políticos occidentales les conmovió tanto el fallecimiento de esta joven que el propio presidente Obama, casi con lágrimas, dijo que era un hecho desgarrador. Pocas semanas después, en la ciudad alemana de Dresde, una mujer egipcia llamada Marwa el-Shirbini estaba asistiendo al juicio de un alemán que le había proferido insultos racistas porque llevaba un hiyab. Cuando el tribunal alemán multó al hombre con 2.800 euros por insultarla, el extremista saltó lleno de furia y atacó a Marwa y a su marido con un cuchillo. Marwa murió allí mismo y su marido fue llevado al hospital en estado crítico.
Sin embargo, el asesinato en Dresde de la mujer egipcia con hiyab no rompió el corazón del presidente Obama ni fue objeto de primeras planas en los medios occidentales. La razón es que el asesinato de Neda incrimina al régimen iraní, que es hostil a Occidente, mientras que el asesinato de Marwa demuestra que el terrorismo no es exclusivo de árabes y musulmanes. Un terrorista blanco alemán mata a una mujer inocente a la que no conoce y también intenta matar a su marido simplemente porque ambos son musulmanes y ella lleva hiyab, pero los medios occidentales no están interesados en transmitir esta información. Es decir, Occidente suele adoptar unos puntos de vista y unas políticas que son obviamente hostiles hacia los árabes y musulmanes.
Ahora bien, ¿son los árabes y los musulmanes meras víctimas inocentes de los prejuicios occidentales? Desde luego que no. Para empezar, no podemos utilizar Occidente como un término único. Hay millones de occidentales que no aman ni odian el islam, sencillamente porque no saben nada de él. ¿Y qué sucede con la imagen del islam que transmiten muchos de los propios musulmanes? Si un occidental decidiera descubrir el islam a través de estos musulmanes, ¿qué encontraría? A Osama Bin Laden, que le miraría, como recién salido de una cueva medieval, y anunciaría que el islam le ordena matar a todos los cruzados occidentales posibles, aunque sean civiles inocentes. O leería que el movimiento talibán ha decidido cerrar los colegios para niñas en las regiones que controla con el argumento de que el islam prohíbe la educación de las mujeres porque son deficientes desde el punto de vista intelectual y desde el religioso. Después tendría noticia de declaraciones de quienes se llaman juristas islámicos y dicen que, si un musulmán se convierte a otra fe, el islam le ofrece la elección entre arrepentirse o morir degollado. Algunos de esos juristas también afirman que el islam no reconoce la democracia y que es obligatorio obedecer a un gobernante musulmán aunque oprima y robe a sus súbditos. Dicen que está muy bien que las mujeres se cubran el rostro con el niqab para que los que las ven no se sientan empujados por el deseo sexual a acosarlas o violarlas. Y muchos aseguran que el profeta Mahoma se casó con su esposa Aísha cuando ella tenía nueve años.
El occidental leerá todo eso y no descubrirá la verdad en absoluto. No sabrá que la esposa del profeta no tenía nueve años, sino 19. No sabrá que el islam da a hombres y mujeres total igualdad de derechos y obligaciones. No sabrá que, para el islam, si alguien mata a un inocente es como si hubiera matado a todo el mundo. Y nunca se enterará de que el niqab no tiene nada que ver con el islam, sino que es una costumbre que nos llegó con el dinero del Golfo de una atrasada sociedad del desierto.
El occidental nunca se enterará de que el verdadero mensaje del islam es libertad, justicia e igualdad. Ni de que garantiza la libertad de creencias, es decir, que quienes quieren creer pueden creer y quienes no lo desean no tienen por qué hacerlo. Ni de que la democracia es esencial para el islam, porque un musulmán no puede llegar al poder sin el consentimiento y la decisión de los musulmanes. Después de todo eso, ¿podemos reprochar al occidental que considere que el islam es la religión del atraso y el terrorismo?
El año pasado, me concedieron el Premio Bruno Kreisky de Literatura en Austria y el primer ministro austriaco me entregó el galardón. Yo tenía que pronunciar un discurso con ese motivo y decidí hablar sobre la realidad del islam. Conté a los presentes que el profeta Mahoma era tan afable que, cuando se arrodillaba para rezar, sus nietos Hassan y Hussein solían saltar sobre su espalda para jugar. Él se quedaba arrodillado para no molestar a los niños hasta que terminaban de jugar, y entonces reanudaba sus oraciones. Pregunté al público: "¿Se pueden imaginar que un hombre que interrumpía sus rezos por unos niños defendería asesinar y aterrorizar a gente inocente?". La gente escuchó la historia con interés y muchos subieron después a preguntarme dónde podían encontrar informaciones genuinas sobre el islam.
Es cierto que la política occidental nos trata como pueblos coloniales que no merecen tener los mismos derechos que los ciudadanos de Occidente, y es cierto que sus medios de comunicación están predispuestos en contra de los árabes y los musulmanes, pero también es verdad que la lectura retrógrada del islam que hacen los wahhabíes y que se ha extendido por el mundo islámico ayuda a arraigar una imagen injusta y errónea de nuestra religión. Tenemos la obligación de empezar por nosotros mismos. Debemos rescatar al islam de todas las tonterías, falsedades e ideas retrógradas que se han asociado a él sin ninguna base. La solución es la democracia.
Alaa Al-Aswany es escritor egipcio, autor de El edificio Yacobián. Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia. © 2009, Shorouk Newspaper. Todos los derechos reservados.
El País S.L. Prisacom S.A.

Jorge Luis Borges, In: La cifra, 1981

Los gustos


Un hombre que cultiva su jardín, como quería Voltaire.
El que agradece que en la tierra haya música.
El que descubre con placer una etimología.
Dos empleados que en un café del Sur juegan en silencio ajedrez.
El ceramista que premedita un color y una forma.
El tipógrafo que compone bien esta página, que tal vez no le agrade.
Una mujer y un hombre que leen los tercetos finales de un canto.
El que acaricia a un animal dormido.
El que justifica o quiere justificar un mal que le han hecho.
El que agradece que en la tierra haya Stevenson.
El que prefiere que los otros tengan razón.
Esas personas que se ignoran, están salvando el mundo.

HERNAN ULM DIXIT

el discípulo transparenta al maestro

RITMO DE HAICAI

HOJE, A CHUVA CAI LENTA
ME ACALENTA
LOW (E)MOTION

sábado, 18 de julho de 2009

BARROCO BRASILERO SEGÚN HERNAN ULM, PROFESOR ARGENTINO DE FILOSOFÍA

L
qué cosa linda ouro preto!!!!!! Tuve una revelación de lo que vos me dijiste tantas veces del barroco brasilero: ví, en una imagen contenida, la multiplicidad de mundos que se esconden en la exhuberancia de esa ciudad. Y pasé, casi en una imagen-montaje cinematográfica a tu casa, a tu living, a tu cocina, a vos, a tu forma de vida: casi un representante vivo de ese barroco brasilero que busca el equilibrio en la exageración de las formas, en la desmesura del movimiento, en la grandiosidad de las repeticiones que dan siempre algo diferente. Fui a la iglesa de san francisco de asis. Increible la obra de aleijadinho: de una sutiliza y una carga emotiva impresionante. Dramaticidad en la belleza y belleza dramática. Hehco para que el ojo no deje de moverse, no encuentre descanso pero al mismo tiempo no se fatigue en el movimiento de las escenas. Y en el museo de los inconfidentes (que palabra tan linda!!!!!) una reproducción del profeta daniel maravillosa. La única tristeza fue ver en ese museo todos los instrumentos de torutura y tomar dimensión de la fuerza de la esclavitud detrás de la pompa. Parte también claro, de ese barroco que mezcla en una escena la multimplicidad de facetas del mundo.
Gracias por esta recomendación!!!
abrazos

sexta-feira, 17 de julho de 2009

DISCENTES & DOCENTE

A CADA FIM DE PERÍODO, QUANDO MEUS ALUNOS-CALOUROS APRESENTAM E REPRESENTAM SEU TRABALHO FINAL, EU FICO QUASE TONTO DE DESLUMBRAMENTO. ELES ESTÃO CADA VEZ MAIS CRIATIVOS, MAIS AUDACIOSOS, MAIS SURPEENDENTES. ENTÃO, ME PERGUNTO: OS ALUNOS MELHORAM OU SOU EU QUEM MELHORA? TALVEZ AMBAS AS COISAS. ESTE SEMESTRE, QUE ACABA DE ACABAR, POR EXEMPLO, O PRIMEIRO GRUPO DRAMATIZOU SOBRE PAULO LEMINSKI (1944-1984), TENDO, INCLUSIVE, DECORADO TODO O SÓTÃO, INCLUINDO A PORTA, COM HAICAIS E ORIGAMIS; TODOS SE VESTIRAM DE QUIMONO, EM HOMENAGEM AO JUDOCA MULATO POLACO. TENDO CONHECIDO PESSOALMENTE O POETA CURITIBANO, FUI ÀS LÁGRIMAS. EM UNÍSSONO, ELES, OS FUTUROS PRODUTORES CULTURAIS, CONFESSARAM QUE NÃO CONHECIAM LEMINISKI, POR QUEM SE APAIXONARAM TOTALMENTE. PERCEBI, EM CADA DETALHE, A PAIXÃO DOS NOVOS LEMINSKIANOS. JÁ O SEMINÁRIO, QUE TEMATIZOU CARMEN MIRANDA, PSEUDÔNIMO DE MARIA DO CARMO MIRANDA DA CUNHA (1909-1955), NO CENTENÁRIO DE SEU NASCIMENTO, ESCOLHEU O MAIS BELO GAROTO DA TURMA PARA SER CARMEN MIRANDA, HOMENAGEANDO O LADO PARODÍSTICO DE NOSSA IMENSA ARTISTA. ELE ESTAVA INCRÍVEL: COM BALAGANDÃS, TURBANTE COM MIL E UMA FRUTAS TROPICAIS, BABADOS, VOZ AGUDA, TUDO, ENFIM, QUE CARACTERIZAVA A BAIANA ESTILIZADA. CONSEGUIRAM ELES ENTREVISTA, QUE GRAVARAM EM "DVD", COM SÉRGIO CABRAL, EDUARDO DUSEK E PESQUISADORES DO SAMBA. OS PESQUISADORES SOBRE GLÁUBER ROCHA (1939-1981) FILMARAM ENTREVISTA MARAVILHOSA COM A MÃE DE NOSSO MAIOR CINEASTA E FIZERAM UM FILME NO "ESPAÇO GLÁUBER ROCHA". O TRABALHO SOBRE VILLA-LOBOS (1887-1959), NO CINQUENTENÁRIO DE SUA MORTE, FOI UM INESQUECÍVEL RETRATO DE NOSSO GÊNIO AMAZÔNICO. A EXPOSIÇÃO SOBRE CARTOLA (ALIÁS, ANGENOR DE OLIVEIRA) FOI, NO MÍNIMO, DIVINA, COM DIREITO A ENTREVISTA COM UMA DE SUAS NETAS E GRAVAÇÃO NO MORRO DA MANGUEIRA. O SEMINÁRIO SOBRE FERREIRA GULLAR MOSTROU UMA INTERESSANTÍSSIMA ENTREVISTA COM O POETA, EM SEU APARTAMENTO EM COPACABANA. AS TRÊS MENINAS, QUE FALARAM SOBRE ISADORA DUNCAN (1877-1927), TROUXERAM UMA FITA "VHS"´, FEITA NA GRÉCIA, BERÇO DA DANÇA MODERNA DA FUNDADORA DA DANÇA MODERNA. AO FINAL, ELAS, VESTIDAS COM PANOS DE SEDA SALMÃO E DE PÉS DESCALÇOS, DANÇARAM NAQUELA SALA QUE RESSOA TEMPOS IDOS. DEFINITIVAMENTE, ESTA JUVENTUDE, COM QUEM TENHO O PRIVILÉGIO DE CONVIVER, ME DEIXA BOQUIABERTO E DE CORAÇÃO EXULTANTE.
.

VALEU A PENA?

SABE DAQUELAS NOITES EM QUE VOCÊ PERDE O SONO?
FOI UM SONHO.
PARA USAR UM CLICHÊ INGLÊS: A DREAM COME TRUE.

HAICAI SAQUAREMENSE

A VIDA É UMA ONDA
SAQUAREMA SÃO ONDAS
SURFISTA À VISTA

REENCONTRO FORTUITO

QUANTA INDIFERENÇA, MEU DEUS!
NEM AO MENOS UM SORRISO DE MONA LISA!

terça-feira, 14 de julho de 2009

14 DE JULHO, DIA GLORIOSO!

FESTA NACIONAL DA FRANÇA.
DATA DA FUNDAÇÃO DO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO, QUE, ESTE ANO, CELEBRA 100 ANOS.
VITÓRIA SHERAZADE LATIFA, MINHA NETINHA, FESTEJA, CHEIA DE GRAÇAS, BÊNÇÃOS, COM MIMOS E OSTENTANDO UMAS BOTAS DOURADAS POR ELA MESMA ESCOLHIDAS, SEU QUINTO ANIVERSÁRIO!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

YOU'VE CHANGED, By Carey and Fisher

I've an awfully feeling
That this thought that's been a stealin through my brain
Is not to be ignored But to really tell the truth
Though I'm not a well known sleuth I honestly believe that you are bored
You've changed
That sparkle in your eyes is gone
Your smile is just a careless yawn
You're breaking my heart
You've changed
You've changed
Your kisses now are so blase
You're bored with me in every way
I can't understand
You've changed
You've forgotten the words,
"I love you"
Each memory that we've shared
You ignore every star above you
I can't realise you've ever cared
You've changed
You're not the angel
I once knew
No need to tell me what we're through
It's all over now
You've changed

CANTIGA PORTUGUESA DE RUA

"Essa cantiga da rua jamais se habitua / aos lábios de alguém. / Inconstante e louca, / vai de boca em boca, / não é de ninguém.”

I'm In The Mood For Love. Jimmy McHugh, the lyrics by Dorothy Fields. 1935

I'm In The Mood For Love
I'm in the mood for love
Simply because you're near me
Funny, but when you're near me
I'm in the mood for love

Heaven is in your eyes
Bright as the stars we're under
Oh, is it any wonder
That I'm in the mood for love?
Why stop to think of whether
This little dream might fade?
We've put our hearts together
Now we are one,
I'm not afraid
And if there's a cloud above
If it should rain, we'll let it
But for tonight forget it
I'm in the mood for love
Oh yeah
Why stop to think of whether
This little dream might fade?
We've put our hearts together
Now we are one, I'm not afraid
And if there's a cloud above
If it should rain, we'll let it
But, for tonight, forget it
Cause I'm in the mood for love
I'm in the mood for love
For love, for love...

ESTRIBILHO DE UM ANDARILHO

PARA CUMPRIR O RITUAL COTIDIANO
DE ANDAR A PÉ, POR, AO MENOS, UMA HORA -
FORMA PERIPATÉTICA DE CUIDAR DO CORPO E DA ALMA -,
NÃO SEI QUAL PAISAGEM SAQUAREMENSE ESCOLHER:
SE A PRAIA PURA DE NOSSO MAR ABSOLUTO,
SE A ORLA DA LAGOA DE PÉROLAS E CONCHAS,
SE O LADO DA QUIETUDE DAS MONTANHAS,
LEMBRANDO MINHAS MINAS GERAIS BÁSICAS.

EU ANDO TONTO DE TANTA BELEZA!

LER É ALGO SAGRADO: A 13ª. RODA DE LEITURA ROSEANA MURRAY

Dia 8 de julho de 2009, ocorreu, na Praia da Vila, em Saquarema-RJ, a décima terceira edição das Rodas de Leitura Roseana Murray, que, daquela feita, contou, como nas vezes anteriores, com alguns convidados, para além das Escolas Municipais e seus respectivos professores e alunos – a Escola Padre Manuel, com a Profa. Kátia Devino e a Escola Orgê Ferreira do Santos com a Profa. Maria Clara -, fazendo-se presente a Secretaria de Educação pela Profa. Dodora e pelo Prof. Valdinei, que vêm prestigiando o evento cultural. O convidado internacional foi Luis Mérigo (que sobrenome anagramático: América, México, cerâmica!), artista plástico mexicano, noivo da ceramista carioca Evelyn Kligerman, useira e vezeira dessas familiares rodas; Marlene Nunes, importante funcionária da Editora Paulinas, deu o ar de sua morena graça; Tânia Damásio, ex-proprietária de livraria “Espaço Aberto”, em Ipanema, no Rio, era outra figura ilustre, agora moradora de Araruama-RJ, onde desenvolve, junto à comunidade local, excelente trabalho de oficinas de leitura.
Roseana Murray, recém-chegada da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty-RJ), para a qual recebeu convite especial, sendo alvo de homenagens e loas, deu, para início de conversa, ou melhor, de leitura, as alvíssaras: a prefeitura de Paraty solicitou cópia da portaria municipal de Saquarema, determinando que a leitura, sem sistema de avaliação, faça parte da grade escolar, como disciplina obrigatória. Portanto, a iniciativa de nossa Poeta começa sua saga Brasil afora e adentro. Soubemos, também, que foi exarado, em Paraty, um manifesto pela leitura.
Em seguida, nossa anfitriã mensal traçou breve resenha oral de A sociedade literária e a torta de casca de batatas, um romance epistolar, encenado nas longínquas ilhas Guernsey, no Canal da Mancha, após a Segunda Guerra Mundial. Escrito pela bibliotecária e livreira que estreou na literatura com mais de 70 anos, Mary Ann Shafer, com apoio da sobrinha, Annie Barrows, o livro é uma celebração da vida através da literatura.
Foi um conto o primeiro texto lido: O lobo, de Graziela Bozano Hetzel; finda a leitura, Roseana solicitou que algum aluno parafraseasse a narrativa. A partir daí, alguns convivas quiseram narrar suas próprias experiências, ouvindo, quando ainda muito jovens, histórias contadas pelo pai ou pela mãe. A Profa. Kátia relatou que esperava, ansiosamente, a chegada do trabalho do pai que lhe contava histórias; por seu turno, Marlene disse que seu pai, pedreiro, não tinha dinheiro para comprar livros, o que o levava a inventar histórias e a brincar com as palavras; quanto a mim, mais do que preocupar-me com a interpretação dos contos, emocionou-me a lembrança de minha infância, quando, em dias de chuva, mamãe reunia os cinco filhos, empoleirados em sua cama de viúva; ela narrava histórias do Líbano distante, de onde viera nosso pai, prematurissimamente morto. Quando fui ao Líbano, eu reconheci as paisagens, as frutas, as marcas e era um filho pródigo que voltava ao lar paterno. Juan Arias quis também falar de seu pai, que, numa Espanha paupérrima e sofrendo a guerra civil e a segunda guerra mundial, inventava histórias de Veneza e da China, que nunca visitara; viajando, mais tarde, pela China e por Veneza, Juan era um visitante familiarizado com tudo aquilo.A cada Natal, o pai do Juan dava aos três filhos um conto de presente. Com sua filha Maya, nosso eminente jornalista manteve a tradição de contar fábulas, de que até hoje, quando tem uma filhinha, Kyra, ela se lembra, como de uma que falava do tique-taque do relógio. Em meio a tantas reminiscências amorosasamente literárias, Tainara, da Escola Padre Manuel, forjou, num passe de mágica, a insígnia das Rodas de Leitura Roseana Murray: “Ler é coisa sagrada”, confirmando, ou melhor, consagrando, o espírito de nossas tertúlias mensais.
Se a poesia é necessária, ela é o ar em casa de poeta. Antes, porém, de apresentar o poema do dia, Roseana pediu que eu falasse um pouco de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), poeta que tenho estudado bastante e com quem tenho afinidade, porque ele, nascido em Ouro Preto-MG, passou a maior parte de sua vida em Mariana-MG, cidade onde vivi minha infância e parte da adolescência. O misticismo, o decadentismo, o simbolismo do poeta de Kyriale (1902) ficam vivíssimos quando se respira o ar barroco daquela que foi a primeira capital das Minas Gerais. A temas recorrentes da poesia de todos os tempos – a amor, a morte, a religiosidade -, Alphonsus de Guimaraens imprime uma digital especial, tangida por sedutora musicalidade. Em jogral, lemos o poema “Ismália”, de 1899:

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava perto do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Frente ao mar absoluto de Saquarema, esse sublime poema era uma meditação, conduzindo à felicidade possível neste mundo.
Outro poema, contemporâneo, fez um contraponto atemporal: “Eu durmo comigo”, de Angélica Freitas, inscrito em seu livro, recém-lançado, Rilkeshake:
eu durmo comigo
de bruços deitada eu durmo comigo
virada para a direita eu durmo comigo
eu durmo comigo abraçada comigo
não há noite tão longa em que eu não durma comigo
como um trovador agarrado ao
alaúde eu durmo comigo
eu durmo comigo debaixo da noite estrelada
eu durmo comigo enquanto os
outros fazem aniversário
eu durmo comigo às vezes de óculos
e mesmo no escuro sei que estou dormindo comigo
e quem quiser dormir comigo vai
ter que dormir do lado.
Antes do costumeiro lauto lanche – serviu-se uma saborosíssima canjica feita pela indefectível Wanda-, cada participante recebeu de presente um poema de Maria Clara:
“Estrelas de Ismália”
Noite.
O mar sumindo
refluindo
formando
a grande onda
incorporando
o oceano
e a cabeça
sentindo
a virulência
secretamente
virando
água moída
o peso do corpo
a leveza da alma
igualando
a estrela do céu
a estrela do fundo, Ismália,
quando se lhe agarram
as sete pontas dos cabelos
o dia raia.
Como ondas do mesmo mar da Poesia, dispersou-se o Grupo, com a consciência do saber e do sabor de que a leitura é realmente algo sagrado.

domingo, 12 de julho de 2009

SAN LORENZO, JORGE LOVISOLO

En medio de una meteorología mal aconsejada por una brújula con ira, los árboles confundidos florecen a destiempo y yo, cómplice involuntario, disfruto con remordimiento de estos placeres equivocados.

GRAND -FINALE OF OSCAR WILDE'S BALLAD OF READING GAOL

And all men kill the thing they love,
By all let this be heard,
Some do it with a bitter look,
Some with a flattering word,
The coward does it with a kiss,
The brave man with a sword!

SUDOESTE

COM SEU ANDAR DE CAVALO
A CHUVA ME DESPERTOU.
POR ONDE ANDARÁ AGORA,
O CAVALGAR DOS MEUS SONHOS?

OSCAR WILDE DIXIT

"Uma obra de arte é tão inútil quanto uma flor. Uma flor desabrocha por sua própria alegria. Ganhamos um momento de alegria olhando para ela. É tudo o que pode ser dito sobre nossa relação com as flores."

sábado, 11 de julho de 2009

POR QUE CANTAMOS, MARIO BENEDETTI (1920-2009)

Si cada hora viene con su muerte
si el tiempo es una cueva de ladrones
los aires ya no son los buenos aires
la vida es nada más que un blanco móvil
usted preguntará por qué cantamos
si nuestros bravos quedan sin abrazo
la patria se nos muere de tristeza
y el corazón del hombre se hace añicos
antes aún que explote la vergüenza
usted preguntará por qué cantamos
si estamos lejos como un horizonte
si allá quedarón árbores y cielo
si cada noche es siempre alguna ausencia
y cada despertar un desencuentro
usted preguntará por qué cantamos
cantamos porque el río está sonando
y cuando suena el río / suena el río
cantamos porque el cruel no tiene nombre
y en cambio tiene nombre su destino
cantamos por el niño y porque todo
y porque algún futuro y porque el pueblo
cantamos porque los sobrevivientes
y nuestros muertos quieren que cantemos
cantamos porque el grito no es bastante
y no es bastante el llanto ni la bronca
cantamos porque creemos en la gente
y porque venceremos la derrota
cantamos porque el sol nos reconoce
y porque el campo huele a primavera
y porque en este tallo en aquel fruto
cada pregunta tiene su respuesta
cantamos porque llueve sobre el surco
y somos militantes de la vida
y porque no podemos ni queremos
dejar que la canción se haga ceniza

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida, Paulinho da Viola

Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração tem manias de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
Porém, ai, porém
Há um caso diferente
Que marcou um breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém
que não me lembro anunciou
Portela, Portela
O samba trazendo a alvorada
Meu coração conquistou
Ai, minha Portela
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
A alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em minha vida

Mora Na Filosofia, de Monsueto e Arnaldo Passos

Eu vou lhe dar a decisão
botei na balança e você não pesou
botei na peneira e você não passou
mora na filosofia
pra que rimar amor e dor
se seu corpo ficasse marcado
por lábios ou mão carinhosas
eu saberia, ora vai mulher...
a quantos você pertencia
não vou me preocupar em ver
teu caso não é de ver pra crer
tá na cara

MULHER AO ESPELHO, CECÍLIA MEIRELES

Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz,
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal fez, essa cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se é tudo tinta: o mundo, a vida,o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira,
a moda, que vai me matando.Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SILOGISMO LATUFRESCO IMPERFEITO

"O UNIVERSO CUIDA DOS DETALHES", Tânia Damázio.
"O DIABO ESTÁ NOS DETALHES", Baudelaire.
LOGO, O UNIVERSO E O DIABO SÃO VIRGINIANOS, COMO EU.

terça-feira, 7 de julho de 2009

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 23

Esta me lembrou suas aulas:

“Saber consiste, pois, em referir a linguagem à linguagem. Em restituir a grande planície uniforme das palavras e das coisas. Em fazer tudo falar. Isto é, em fazer nascer, por sobre todas as marcas, o discurso segundo do comentário. O que é próprio do saber não é nem ver nem demonstrar, mas interpretar.”

Apud Ricardo Portella, meu orientando de doutorado.

FRANCISCO de QUEVEDO (1580-1645)

"Uno a uno, todos somos mortales; juntos, somos eternos."

segunda-feira, 6 de julho de 2009

JUAN ARIAS, CORRESPONDENTE, NO BRASIL, DO JORNAL ESPAÑOL "EL PAIS,DIXIT"

Querido Latuf: Tu ESTEREÓTIPO es magnífico y réciamente documentado.Me ha impresionado especialmente porque mi libro 50 Motivos para amar o nosso Tempo, que acaba de lanzar Objetiva en Brasil, es la crítica a uno de los más famosos estereótipos de la literatura española. Se trata, en realidad, de un verso del libro Coplas que hizo a la muerte de su padre del poeta, Jorge Manrique: Cualquier tiempo pasado fue mejor. Un lugar común tan arrahigado en la idiosincrásia española, que se arrastra desde el siglo XV y sigue vivo.Mi libro intenta quebrar ese estereótipo al afirmar que, al revés, en general, Todo tiempo pasado pasado fue peor.No sé si he conseguido quebrar la espina dorsal de ese horroso lugar común, pero lo he intentado.Un abrazo hermanoJuan

sábado, 4 de julho de 2009

JORGE LOVISOLO, MI LECTOR FAVORITO

Querido Latuflâneur:Leer a Latuf Isaias Mucci es exponerse al vértigo de un despeñadero, a la inclemencia del rayo y el ciclón.A medida que avanzamos en su texto, la última palabra parecería no perseguir otro objetivo que hacernos olvidar las precedentes, a fin de aliviarnos del peso para aligerar la marcha. Leer a Latuf es -como decía un amigo- practicar el ski, pero sin bastones.Esta es la impresión inmediata que me provocó "Fragmentos de uma práxis amorosa": fineza interpretativa, consistensia argumentativa y belleza expositiva.En una primera lectura el brillo de la prosa eclipsa el contenido.El pasaje que más me fascinó:Latuf Isaias Mucci presenta -en forma aporética- la idea matriz de Barthes: la muerte del autor. Pero el asesino, tras perpetrar el crimen, deja sus huellas indiciales: después de pasar a la clandestinidad para escribir un "libro obsceno" es delatado en el streap-trease de su estilo ¿Ha muerto este entrañable archi-autor? Me temo que para Latuf,no:"O estilo denuncia o Autor, que se exibe como um São Sebastião, nu, flechado pelo desejo, que o mata metaforicamente. [...] Sem formalismos, ele deslinda a forma de seu desejo ardente. Teria ele autorizado, ao contrário de Foucault, a publicação póstuma de seu diário erótico, tanto em Paris quanto na África? Seria de Barthes o texto postumamente publicado?."El Barthes de Latuf es un amistoso "Barthes contra Barthes".¿La posición de Latuf debilitaría la tesis fuerte de Barthes? El empleo responsable de la palabra, las inflexiones y tonos distintivos de un distinguido usuario del lenguaje ¿Posibilitarían el anonimato o, como enfatiza Barthes, la muerte del autor? Gracias por resucitar a uno de los pensadores ilustres del siglo XX.Un abrazo.Jorge

Alexandre Pinheiro Torres:

«Nunca li Marx. Não o entendo. Mas percebo certas passagens da Política de Aristóteles onde ele nos ensina que a pobreza é o pai e a mãe da revolução e do crime. Basta isto.»

O REAL NÃO É UMA METÁFORA

SENTI QUE O CORAÇÃO NÃO É CONOTATIVO. É DENOTATIVO. ELE PULSA, ELE BATE, ELE ALERTA. PARA JORGE LOVISOLO, O CORAÇÃO É UM SAPO. QUE METÁFORA!

CANCIÓN ESPAÑOLA

CON O SIN PAPELES, SOMOS TODOS IGUALES
EXPERIMENTE IR AL BAÑO SIN PAPEL!

CASA DE CARIDADE DE ARARUAMA

DESCOBRI QUE OS ANJOS REALMENTE EXISTEM: SÃO OS ENFERMEIROS, QUE, NÃO POR ACASO, SE VESTEM DE BRANCO.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

BARTHES, SEGÚN JORGE LOVISOLO, FILÓSOFO ARGENTINO CONTEMPORANEO

La prosa de Barthes en portugués realiza su utopía: se tiende a tomar sol, hidrata su piel con jugo de coco y refresca sus tejidos con la brisa marítima de la Bahía de Guabanara. Sólo así se puede disfrutar con plenitud del plaisir du texte. En brasilero el semiólogo no se deja enredar por las famosas gemelas -sinecdoque y metonimia- y se entrega con mansedumbre liberadora a la turbulencia de las olas. La semiología genuina es callejera y vagabundea descalza. Esa prosa tropical le sienta bien: se quita la corbata académica y pasea en bermudas.Un abrazoJorgePD. Esto lo aprendí leyendo tu selecto blog.