domingo, 31 de janeiro de 2010

BERTHA GUTMAN KLIGERMAN

Há cerca de um ano que estou planejando ir visitar, em Teresópolis, Berthe Kligerman, com quem me encontrei apenas duas vezes em Saquarema e por quem me apaixonei perdidamente como se a conhecesse de há muito tempo. O fato de ter uma imensa amiga - Roseana Murray -, filha de Berthe, me deu, sempre, a impressão de ter conhecido a progenitora. Acabo de chegar de Teresópolis, aonde fui realizar meu projeto e visitar, "in loco", a mãe de minha "Idish mamma". Ainda estou sob o impacto das sensações que senti em dois dias na serra. Teresóplis é uma cidade lindíssima e me fez até pensar numa Gstaad tropical. Lá, fiquei hospedado na mansão de Evelyn Kligerman, filha-caçula de Berthe e ceramista de incrível talento. A casa que me acolheu fica no topo do mundo - como na canção italiana: "una casa in cima al mondo". A vista tem que ser experimentada e não cabe em palavras e imagens. Se eu ficasse mais tempo lá, iria, com certeza, ganhar um torcicolo, porque ficava, o tempo todo, me virando para melhor contemplar aquele panorama de montanhas, nuvens, sol, lua e estrelas. É uma vastidão do silêncio. É uma poesia infinita. É um poema sem ponto final. Aliás, por falar em poesia, dormi, pela primeira vez na minha vida, numa fronha-poema: nela está bordado, por mãos mineiras, um haicai de Roseana Murray: " um galo canta/ desarruma as estrelas / acorda o sol". Depois, li outro haicai, igualmente bordado na fronha da própria poeta: " silêncio na casa/ poemas são vagalumes/ atrás de um poeta". O silêncio todo na casa-panorama de Evelyn só é quebrado pelo cantar dos pássaros, por galos-tecelãs, pelo gilreio dos grilos, pelo tagarelar das cigarras; nem a linda gata siamesa - Lola - mia: apenas olha você com infinitos olhos sedutores. Mas eu sempre quis ir a Teresópolis a fim de rever Bertha. Ela e sua irmã Alice nos receberam, a mim e à Roseana, com a mesa posta, o que me deu a nítida impressão de estar numa casa judaica com certeza. Libanês, maronita, mineiro, senti-me, de chofre, imediatamente à vontade. Meus olhos voltaram-se para um quadro de um velho rabino lendo um enorme livro e voltou à minha imaginação a imagem que sempre fiz de minha velhice: com um grande livro sob os olhos. Também eu faço parte da "cultura do livro". Berthe sorria e me olhava com olhinhos espertos, não me inquirindo, porém dialogando, em silêncio. Berthe, em seus quase 90 anos, encarna, para mim, a sabedoria. É doce, meiga, delicadíssima, muito grata. Serena, enfim. Diz coisas imprevisíveis. Fala um discurso oracular. Pontua com sapiência os episódios. E expande carinho materno. Eu pensava nela como penso em minha mãe, que já partiu há 14 longos, longos, longos anos. Sonho muito com ela, sobretudo quando tomo alguma iniciativa; no meu mais recente sonho com minha mãe, ela me aparecia justamente a uma mesa de jantar. Interpretei o sonho como aprovação feliz de minha ida para ver Bertha, que me recebeu com um almoço posto. Durante os dois dias em que estive em Teresópolis, visitei Bertha duas vezes ao dia, como um de seus filhos. Ao dar-lhe um beijo de despedida, ela me perguntou: "Você gosta de colar?" Achei que ela falava do verbo "colar", dado que sou pegajoso, quase grudento. Ela pediu à Roseana que me fizesse escolher um de seus inúmeros colares. Peguei logo o primeiro, que me encantou com sua cor terracota. No meio daquela família linda e generosa, pensei, num átimo, no holocausto, que exterminou milhões e milhões de famílias judias, ciganas, negras, de "gays"... Mas não me demorei nesse assunto tenebroso, tampouco dele falei às minhas anfitriãs; fiz, porém, questão,de ganhar da Evelyn o "cd" "Jewish rapsody", que celebra a alegria de estar junto, de viver com amigos, de conviver em paz. Conheci Brigitte, bela francesa judia, que mora há anos no Brasil e me confessou, eufórica, que só no nosso País ninguém jamais perguntou qual a sua religião. Do quarto de dormir da Bertha pude contemplar o nascer da lua, absolutamente cheia, entre os picos da Serra dos Órgãos e sobre o riacho que beira, cristalino, as janelas do apartamento. Naqueles dois dias de tantas... "emoções", completou Berthe, jamais deixei de pensar em minha mãe. "Só as mães são felizes", cantou Cazuza. Bertha Kligerman é feliz e faz feliz quem dela se aproxima. Jamais um lamento. Nunca uma queixa. Cobrança alguma. Se seu corpo definha, sua mente é mais lúcida que o sol da serra ao meio-dia. Ela fala da morte como "saída" e ninguém chora a seu redor. À Bertha, fresca e "mignonne" depois de um longo banho, Roseana lhe disse: "Faz muito bem um banho"; sua mãe confirmou: "o banho é um momento de reflexão". Certa vez, li que, perguntado por que filosofava, um filósofo respondeu: "Para aprender a morrer". Estando com Bertha, estou aprendendo a viver e a morrer. Ver Bertha Kligerman é ter uma lição de vida em carne e osso.
Desde que minha mãe teve sua "saída", sempre disse que a única inveja que sinto é de quem tem mãe viva. Reedito minha santa inveja: não sinto inveja de Roseana e de Evelyn, porque, de certa forma, Bertha é, para mim, uma imagem de mãe viva.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

LUIZ GONZAGA DE CARVALHO, DIMIDIUM ANIMAE MEAE

Sancte Latuf,

a fotografia já mostra o Levita do Senhor (quase), um pouco mais amadurecido fisicamente -, mas o projeto de santidade é mais antigo - é da época dos primeiros bancos, eu sei. As mãos postas, a mente concentrada, nos ofícios litúrgicos, em que você dava sua inestimável participação, já mostravam o desejo de ser isso que jamais chegará a ser, por desvio de rota, mas você continua sendo um monge santo, não tenha dúvida.

O HOMEM QUE CONHECEU O AMOR, AFFONSO ROMANO DE SANT"ANNA

Do alto de seus oitenta anos, me disse: “na verdade, fui muito amado.” E dizia isto com tal plenitude como quem dissesse: sempre me trouxeram flores, sempre comi ostras à beira-mar.
Não havia arrogância em sua frase, mas algo entre a humildade e a petulância sagrada. Parecia um pintor, que, olhando o quadro terminado, assina seu nome embaixo. Havia um certo fastio em suas palavras e gestos. Se retirava de um banquete satisfeito. Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera pronta para amar.
Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado ergue-lhe uma estátua. Mas, do jeito que falava, ele pedia apenas que no seu túmulo eu escrevesse: “aqui jaz um homem que amou e foi muito amado”. E aquele homem me confessou que amava sem nenhuma coerção. Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo. Ele que tinha algo a me oferecer. Foi muito diferente daqueles que não confessam seus sentimentos nem mesmo debaixo de um “pau de arara”: estão ali se afogando de paixão, levando choques de amor, mas não se entregam. E no entanto, basta-lhes a ficha que está tudo lá: traficante ou guerrilheiro do amor. Uns dizem: casei várias vezes. Outros assinalam: fiz vários filhos. Outro dia li numa revista um conhecido ator dizendo: tive todas as mulheres que quis. Outros ainda, dizem: não posso viver sem fulana (ou fulano). Na Bíblia está que Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacó e Jacó gerou as doze tribos de Israel. Mas nenhum deles disse: “Na verdade, fui muito amado”.
Mas quando do alto de seus oitenta anos aquele homem desfechou sobre mim aquela frase, me senti não apenas como o homem que quer ser engenheiro como o pai. Senti-me um garoto de quatro anos, de calças curtas, se dizendo: quando eu crescer quero ser um homem de oitenta anos que diga: “amei muito, na verdade, fui muito amado.” Se não pensasse nisto não seria digno daquela frase que acabava de me ser ofertada. E eu não poderia desperdiçar uma sabedoria que levou 80 anos para se formar. É como se eu não visse o instante que a lagarta se transformara em libélula.
Ouvindo-o, por um instante, suspeitei que a psicanálise havia fracassado; que tudo aquilo que Freud sempre disse, de que o desejo nunca é preenchido, que se o é, o é por frações de segundos, e que a vida é insatisfação e procura, tudo isto era coisa passada. Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietantes por aí... Bilac nos dizia salomônico: “eu tenho amado tanto e não conheci o amor”. O Arnaldo Jabor disse outro dia a frase mais retumbante desde “Independência ou morte” ao afirmar: “o amor deixa muito a desejar”. Ataulfo Alves dizia: “eu era feliz e não sabia”.
Frase que se pode atualizar: eu era amado e não sabia. Porque nem todos sabem reconhecer quando são amados. Flores despencam em arco-íris sobre sua cama, um banquete real está sendo servido e, sonolento, olha noutra direção.
Sei que vocês vão me repreender, dizendo: deveria ter nos apresentado o personagem, também o queríamos conhecer, repartir tal acontecimento. E é justa a reprimenda. Porque quando alguém está amando, já nos contamina de jasmins. Temos vontade de dizer, vendo-o passar - ame por mim, já que não pode se deter para me amar a mim. Exatamente como se diz a alguém que esta indo a Europa: por favor, na Itália, coma e beba por mim.
Ver uma pessoa amando é como ler um romance de amor. É como ver um filme de amor. Também se ama por contaminação na tela do instante. A estória é de outro, mas passa das páginas e telas para a gente.
Todo jardineiro é jardineiro porque não pode ser flor.
Reconhece-se a 50m um desamado, o carente. Mas reconhece-se a 100m o bem amado. Lá vem ele: sua luz nos chega antes de suas roupa e pele.
Sim, batem nas dobras de seu ser. Pássaros pousam em seus ombros e frases. Flores estão colorindo o chão em que pisou.
O que ama é um disseminador.
Tocar nele é colher virtudes.
O bem amado dá a impressão de inesgotável. E é o contrário de Átila: por onde passa renascem cidades.
O bem amado é uma usina de luz. Tão necessário à comunidade, que deveria ser declarado um bem de utilidade pública.

RIQUEZA SEMÂNTICA

Um político que estava em plena campanha chegou a uma cidadezinha, subiu em um caixote e começou seu discurso:

- Compatriotas, companheiros, amigos! Nos encontramos aqui convocados, reunidos ou ajuntados para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual é transcendente, importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou ajunta, é minha postulação, aspiração ou candidatura à Prefeitura deste Município.


De repente, uma pessoa do público pergunta:
- Escute aqui, por que o senhor utiliza sempre três palavras para dizer a mesma coisa?

O candidato responde:
- Pois veja, meu senhor: A primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como poetas, escritores, filósofos etc. A segunda é para pessoas com um nível cultural médio como o senhor e a maioria dos que estão aqui. E a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele bêbado ali jogado na esquina.

De imediato, o bêbado se levanta cambaleando e responde:
- Senhor postulante, aspirante ou candidato! (hic) O fato, circunstância ou razão de que me encontre (hic) em um estado etílico, bêbado ou mamado (hic) não implica, significa, ou quer dizer que meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou ralé mesmo (hic). E com todo o respeito, estima ou carinho que o Sr. merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou ajuntando (hic), seus pertences, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir diretinho (hic) à leviana da sua genitora, à mundana de sua mãe biológica ou à puta que o pariu!

ROCÍO VILLA

Rocio, minha linda Rainha andina! Eu adoro você desde que a vi pela primeiríssima vez. Você tem uma sabedoria ancestral e ensina a todos nós o tempo todo. Neste ninho de amor, constituído por sua bela mãe, pelo peralta Paco-Balacobaco-Baco, você é centro, como sol, no meio do dia, como a lua, entre as estrelas da noite. Adoro você o tanto que o meu vetusto coração pode adorar e tem aprendido, nestas quase sete décadas, a adorar alguém. Tio LatufanáticoporRocio!

RICARDO PORTELLA POETANDO

O tempo é seu! Te dou de presente o tempo das estrelas! a duração de um abraço materno! o tempo entre o nascer e o morrer de uma onda no mar de Saquarema.
Não te dou o meu tempo, pois ficaria sem tempo para admirá-lo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=oqMrZ83T4FI

HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO:

TAP Portugal / Infraero

patrocinaram um show no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim,

no dia 20 de Janeiro.

Lágrimas, Manuel Vincent, El Pais, 24/01/2010

Mi habitación en La Habana daba a un patio interior que tenía mucha resonancia. El ama de casa me advirtió que hacia la medianoche oiría el orgasmo de la mulata del primero derecha; luego, al amanecer, me despertaría el canto de una docena de gallos que los vecinos criaban en las terrazas y enseguida, abajo en el solar, comenzaría a llorar Camilito, el hijo de la negra Teresa. Todo se producía según lo esperado cada noche, aunque el llanto del niño parecía no tener fin cuando empezaba a llorar después de que cantaran los gallos. Camilito berreaba sin parar, a veces se encanaba y al quedarse más de un minuto sin respiración yo creía lleno de angustia que había muerto, pero ese silencio sólo era un punto de apoyo para redoblar el sollozo con más fuerza todavía. En medio de su berrinche, que podía durar una hora o más, se oía la voz melodiosa de la negra Teresa, que decía: "Camilito, mi amol, qué te paaasa". Al final el niño conseguía ser atendido y su llanto había tenido un sentido. Los bebés lloran como un mecanismo de defensa cuando sienten hambre, sed, frío, calor u otra molestia. Basta un mínimo problema, el biberón, el chupete, los pañales, para que el bebé llame la atención. Madres amorosas, niñeras solícitas, criadas cariñosas o enfermeras profesionales acuden a la cuna tan pronto como oyen que un niño mimado emite el primer vagido. Camilito lograba que su madre le atendiera después de desgañitarse durante una hora seguida; muchos niños afortunados lo consiguen en menos de un minuto, pero hay millones de niños que no obtienen nunca una cosa ni otra. En el campamento de refugiados ruandeses en Tanzania me di cuenta de que los niños no lloraban. Sólo miraban fijamente a sus madres. Un médico me explicó que allí los niños no lloraban porque su cerebro ya había codificado a través de su larga miseria heredada que el llanto no les servía de nada. El dolor estaba asimilado al silencio. En la tragedia de Haití se ha visto en una foto famosa al bombero Óscar Vega con un niño de dos años en brazos, rescatado de los escombros. El niño tiene lágrimas en los ojos, pero tampoco llora. Sin duda ha aprendido bien la lección mucho antes de nacer. Sabe que al final del llanto no hay nada ni nadie. Sólo parece asombrado de seguir vivo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CHIMAMANDA ADICHIE

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

DEFINICIÓN DEL SUEGRO LIBANÉS DE MARÍA ESTER RÍOS

"Patria es donde se come el pan en paz".

sábado, 23 de janeiro de 2010

DIVERSIDADES CULTURAIS

O prefeito do Rio de Janeiro recorreu a uma Mãe-de-Santo para que não chovesse no "Réveillon" deste ano. E a chuva, que caía abundante sobre os cariocas, cessou, justamente nos momentos da grande festa de Copacabana. Já o cônsul do Haiti, em São Paulo, atribuiu a desgraça que se abateu sobre o seu país à cultura africana, que evoca Orixás.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

HAÏTI CHÉRI

Quando eu fazia mestrado em Ciências Sociais na Universidade de Louvaina, na Bélgica, tive contato com alguns haitianos, cuja imagem me ficou de uma alegria, parecida com a dos brasileiros, e do "slogan", que repetiam, de seu país caribenho, "Haïti chéri", por eles pronunciado com o "r" carregado, como o do interior paulistano e mineiro.
É inimaginável a hecatombe que se abateu sobre aquele país, já paupérrimo, de que os canais de televisão, todos, nacionais e estrangeiros, não cessam de mostrar as imagens dantescas. No meio de tamanha desgraça, procurei um sorriso, que acenasse uma esperança. Não o tinha achado, mas, ontem, foi mostrado um bebê de uns três ou quatro meses que, soterrado por mais de 200 horas, foi resgatado e que, ao salvar-se, simplesmente levantou os bracinhos, comemorando como se fosse um jogador de futebol após o gol. Tinha ele o mesmo gesto celebratório do meu neto primogênito, João Otávio Latuf, em uma foto,com a mesma idade do bebê haitiano, em que está, face ao Padre Maia, meu antigo reitor do seminário de Mariana, regendo a missa de Beethoven, no "dvd".
Haverá alguma esperança para o Haiti ou "esperança" é apenas mais uma palavra-clichê?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

e.e.cummings

when man determined to destroy / himself he picked the was / of shall and finding only why / smashed it in into because

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

JUAN ARIAS, MI LECTOR

Lindísimo tu texto, hermano Latuf, sobre las fotos en sepia de Saquarema. Es que las ciudades tienen tantas caras y colores como las personas que las contemplan. Esa es su belleza. Sin duda el fotógrafo español vió una Saquarema que nuestros ojos aún no habían descubierto. Ahora es más rica y múltiple.
Abrazos saquaremenses
Juan

AGATHA CHRISTIE

"La mejor receta para la novela policíaca: el detective no debe saber nunca más que el lector."

JEAN-LUC POULIQUEN

Je demande au poète

de délivrer son chant

des filets de la raison

pour lire dans les schistes

le signe des origines

ESCAPULÁRIO, OSWALD DE ANDRADE

No pão-de-açúcar
de cada dia
dai-nos, Senhor,
a poesia de cada dia.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SAQUAREMAS

Todas as pinturas de Saquarema - as que faz o Nelsinho, por exemplo - são azuis, azuis, azuis. Todas as fotografias de Saquarema - as de Gil, por exemplo - são azulíssimas. É como se o azul de Yves Klein inundasse essa paisagem de paz. É como se o "Azur" de Mallarmé aqui encontrasse sua melhor tradução. Meu próprio livro de poemas - "Águas de Saquarema" - tem uma capa azul, feita por Lia Caldas, filha da editora Dulce Tupy. Eu poderia parafrasear a canção francesa, que entoa: "Bleu, bleu, Saquarema est bleue. Bleu est le ciel, couleur de sa mer".
Mas as fotos do álbum de casamento de Guga,filho de Roseana Murray, e de Patrícia, sobrinha de Juan Arias, não são azuis: lá, Saquarema é sépia. É como se fora uma outra cidade. Parece Veneza. Está envolta num manto dourado. Vejo uma Saquarema de sonhos. Descubro uma Saquarema provinda do inconsciente. Surgindo do mais profundo de suas águas, Saquarema está sonâmbula, misteriosa, com véus orientais. Nem de longe, nem num horizonte perdido, há um azul sequer. É uma cidade de outras eras. Arcaica.
Terá ele, o fotógrafo espanhol, redescoberto, como nas navegações do século XVI, uma outra Saquarema, sempre escondida dos olhares mais perscrutadores? Terá ele reinventado uma cidade, cantada em prosa e verso azuis? Que lente mágica terá ele usado?
Acho que ele, o fotógrafo que veio de Espanha, sonhou e fotografou seu sonho.

XANGÔ & OXUM!

Xangô, Xangô, meu Pai!
Oxum, Oxum, minha Mãe!
E Oxalá em torno.
Essas Entidades, esses Orixás, esses Deuses, esse Deus me protejem. Sou abençoado. Sou iluminado.
Assim falou o Preto Velho de Saquarema.
Assim falou Marcos d'Oiá.
Assim seja!

N.B. No sincretismo da Umbanda, Xangô é São Jerônimo. Lembro-me, então, de que o pai de Cláudia Damasceno chama-se Jerônimo. Lembro-me, ainda, de que, no casamento dela, no Terreiro Xangô Menino, em Macaé, fiz par com sua mãe, Marilza Damasceno, e de que, na hora de assinar no livro das testemunhas, escrevi, por uma súbita inspiração: "Por Jerônimo".
Amém!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

THÉOPHILE GAUTIER, L'ART

Sculpte, lime, ciselle;

Que ton rêve flottant

Se scelle
Dans le bloc résistant !

VICTOR HUGO, VISIONNAIRE

J'irai lire la grande bible;

J'entrerai nu

Jusqu'au tabernacle terrible

De l'inconnu.

LA POÉSIE SE DÉFINIT-ELLE?

La poésie



La Poésie n'était au premier âge qu'une Théologie allégorique, pour faire entrer au cerveau des hommes grossiers par fables plaisantes et colorées les secrets qu'ils ne pouvaient comprendre. (Pierre de Ronsard)

La poésie doit être faite par tous. Non par un. Toutes les tours d'ivoire seront démolies, toutes les paroles seront sacrées et l'homme s'étant enfin accordé à la réalité qui est sienne, n'aura plus qu'à fermer les yeux pour que s'ouvrent les portes du merveilleux. (Paul Éluard)

La poésie se poursuit dans l'espace de la parole, mais chaque pas en est véritable dans le monde réaffirmé. (Yves Bonnefoy, L'acte et le lieu de la poésie)

La Poésie ne rythmera plus l'action. Elle sera en avant. (Arthur Rimbaud, Lettre à P. Demeny)

La poésie n'est pas une chose rassurante, c'est une aventure colossale. (Eugène Guillevic, Vivre en poésie)

La poésie est ce qu'il y a de plus réel, c'est ce qui n'est complètement vrai que dans un autre monde. (Charles Baudelaire, Puisque réalisme)

La poésie est de toutes les eaux claires celle qui s'attarde le moins aux reflets de ses ponts. (René Char)

Tout art s'apprend par art, la seule poésie est un pur don céleste. (Guillaume du Bartas)

La poésie n'a de rôle à jouer qu'au-delà de la philosophie. (André Breton)

Sans la justesse de l'expression, pas de poésie. (Théodore de Banville, Petit traité de poésie française)

La poésie est une salve contre l'habitude. (Henri Pichette, Apoèmes)

La poésie, comme l'art, est inséparable de la merveille. (André Pieyre de Mandiargues, L'Âge de craie, introduction)

La poésie est le langage naturel de tous les cultes. (Madame de Staël, De L'Allemagne, deuxième partie, chap. 10)

En général, le sens nécessaire à l'intelligence de la poésie est rare en France... (Honoré de Balzac)

Pour être traduite par la voix, comme pour être saisie, la poésie exige une sainte attention. (Honoré de Balzac)

Rimbaud est le premier qui ait employé le langage et la poésie, non plus seulement à l'expression des choses connues mais à une tâche de découverte. (Paul Claudel)

Ce qui distingue la poésie de la parole machinale, c'est que la poésie justement nous réveille, nous secoue en plein milieu du mot. (Ossip Mandelstam)

...il faut deux choses essentielles à la poésie, le poète qui croit ce qu'il dit, et l'auditeur qui croit le poète. Cette rencontre est devenue fort rare et la poésie aussi. (Charles Nodier)

Rien d'étonnant à ce que la poésie, comme toutes les belles, soit entourée d'eunuques. (Arno Schmidt)

On l'a justement souligné, ni la rime ni le vers ne font la poésie. On peut être poète sans faire de vers, et faire des vers sans être poète. (Phillip Sidney, La Défense de la poésie)

La poésie est guérison de l'esprit. (Wallace Stevens)

En poésie, il faut aimer les mots, les idées, les images et les rythmes avec toute la capacité qu'on a d'aimer. (Wallace Stevens)

Il n'y a pas de poésie, si lointaine qu'on la prétende des circonstances, qui ne tienne des circonstances sa force, sa naissance et son prolongement. (Louis Aragon)

Yves Béal, Soleils & Cendre n°15

"LA POESIE SERA FAITE PAR TOUS.
NON PAR UN". (Lautréamont)

par Yves Béal
La poésie...
Quand donc cessera-t-on de considérer la poésie comme suite de mots qui riment, de faire croire à une poésie - récitation du monde.
Quand donc cessera-t-on de réduire la poésie au poème, au lai, au madrigal ou au sonnet, à un art du langage lorsqu'il s'agit avant toute chose de regarder le monde. Pas pour le contempler mais pour l'agir, le transformer, le réenchanter.
En fait, la poésie est un verbe, un verbe d'action, mieux, un verbe de combat.
La poésie doit être...
Oui et sans doute est-elle déjà. Mais la poésie n'existe pas en dehors des hommes et du regard qu'ils portent sur le monde.
La poésie, c'est ce regard audacieux que Galilée porta sur un lustre qui oscillait ou celui de Newton sur une pomme qui tombait.
La poésie doit être ... parce qu'elle est création par l'homme et aussi création de l'homme : création du monde. Et ce qui compte là, c'est la matérialisation d'un regard sur ~ monde : un regard (ou un monde) "beau comme la rencontre fortuite sur une table de dissection d'une machine à coudre et d'un parapluie." (Lautréamont)
La poésie c'est une pensée agie, c'est la conscience de ce que tu as vécu et que tu voudrais ou ne voudrais pas vivre, c'est le sens de la vie.
La poésie doit être faite...
Là encore oui, elle doit être faite, fabriquée, produite, usinée, travaillée. Il y a forfaiture chez ceux qui avancent l'inspiration comme moteur de la poésie ils s'abusent, ils abusent.
Oui, elle doit être faite, presque extorquée, douloureusement, dans la souffrance d'une lutte sans merci contre la fatalité des choses qui semblent s'imposer à nos visions parcellaires.
Oui, elle doit être faite, arrachée au jour et à la nuit, parce qu'on ne s'apprend pas facilement à voir le beau dans le laid, et encore j'insiste, car il s'agit de comprendre, prendre avec soi, arracher à l'évidence, surprendre aussi, embarquer, enflammer, concevoir.
Oui, elle doit être faite à longueur de seconde, à hauteur de conscience, arrachée (il n'y a pas d'autre mot) à la bête immonde qui surgit sans cesse jusqu'en nous-mêmes.
Et parce qu'elle est fruit d'un travail d'accoucheur d'étoiles, elle est fait extraordinaire, acte toujours neuf, elle est fête et jouissance, elle est faîte, cime, sommet, haut-lieu d'humanité. Construction d'un regard universel.
La poésie doit être faite par tous...
Oui par tous, car c'est de la vie dont il s'agit, du sens de la vie, disions-nous plus haut. Et Si donc, la poésie, c'est cette manière de réenchanter le monde, presque, devrions nous dire en ces temps troubles, cette manière de réenfanter le monde, il nous faut convenir, nous poètes, que notre pouvoir est à partager, faute de quoi l'écrit resterait vain et nous n'aurions pas mieux fait que ces hommes politiques qui récitent, telles litanies, les mots liberté et démocratie et ne se rendent pas compte que l'onanisme, même applaudi par les foules, n'a jamais engendré que plaisir éphémère.
La poésie doit être faite par tous... Non par un.
Ici le choix est offert.
Au poète d'être dictateur qui fait voir le monde tel qu'il voudrait qu'il soit.
Au poète d'être procréateur et alors il ne peut se suffire à lui-même, il doit s'accoupler, se démultiplier en créant, en même temps que le poème, les conditions de la création, les conditions de la poésie, les conditions du combat de la vie, par d'autres, par tous les autres, par tous donc par nous-mêmes. Les conditions d'une "rencontre fortuite sur une table de dissection d'une machine à coudre et d'un parapluie."

VITÓRIA SHERAZADE LATIFA, FANTÁSTICA

Olhando-se,inda agora, atentamente, no grande espelho no meu quarto de dormir, Vitorinha me perguntou sorridente: "Vô, aquele fantasma ali sou eu?"

TÃNIA PEREZ, DOUTORANDA EM LETRAS, NA UFF

Ao Homem-mar, Latuf,

Ofereço um grão de areia poética após alguns mergulhos nas Águas de Saquarema.


Um grande e afetuoso abraço,

Tania



Homem-mar





L ATUF, mineiro do mar a filosurfar



A rrebenta, com vigor de poeta, a essência do mar


T raz água e sal, cheiro e sabor, saber e prazer


U ma noiva-onda-palavra de Saqua a se banhar



F azendo amor com o homem-mar.









(De um grão de areia ao grande mestre do Mar)



Tãnia

domingo, 17 de janeiro de 2010

LATUFLAMBOYANT

Os três flamboyants, que tenho em meu jardim, são, certamente, os últimos a florescerem nesta rua, onde moro. Mal o verão se anuncia, os flamboyants começam a pegar fogo e flores, deslumbrando a todos que passam pela rua e pisam o asfalto, já atapetado de minúsculas flores corais. Espero, com toda ansiedade, que minha trindade de flamboyants pegue o ritmo ardente do verão. Minha alegria é saber que, como eles são os últimos a se trasformarem em um buquê espetacular, serão, também, os últimos a voltarem a ter só folhas, na espera de um próximo verão. Meus flamboyants têm um mais longo instante de glória.

CRÔNICA MUSICAL

Era um jovem senhor, que morava em um prédio de classe média alta no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Dele a vizinhança nada sabia, a não ser que ouvia, quase no volume máximo, música clássica, sobretudo, e sobre todos, Maria Callas. Um dia, um cheiro forte denunciou que havia um cadáver na cobertura do prédio. Os vizinhos do jovem senhor nunca mais ouviram aquela música tão confidencial.

Zilda Arns, el ídolo de la infancia abandonada

La pediatra murió en una iglesia haitiana en Puerto Príncipe
JUAN ARIAS 17/01/2010 , El Pais

Zilda Arns, pediatra de 75 años, fundadora de la Pastoral Internacional de la Infancia, una reconocida institución con 250.000 voluntarios en 20 países, propuesta para el Premio Nóbel de la Paz, fue encontrada muerta el miércoles 14 de enero, bajo los escombros de una iglesia de Puerto Príncipe, en Haití, donde estaba hablando a 150 personas. El terrible terremoto que azotó al país más pobre de Latinoamérica la sepultó bajo la iglesia, que se desplomó sobre sus ocupantes.

Hermana del fallecido cardenal Paulo Evaristo Arns, que había sido arzobispo de São Paulo y una de las figuras más abiertas del Concilio Vaticano II, Zilda, viuda, madre de cuatro hijos, era la misionera laica más famosa y querida de Brasil, tanto por creyentes como por agnósticos, por su magnífica labor a favor de los niños abandonados, a los que sus cientos de miles de voluntarios intentaban curar sus enfermedades, vacunarlos y alimentarlos bien antes de hablarles de Dios.

El presidente de la República, Luiz Inácio Lula da Silva, decretó tres días de luto nacional tras haber sido informado de su muerte. La misionera había intentado en vano entrar cuatro veces en Haití para llevar a cabo su trabajo pastoral. Cuando por fin lo consiguió, le llegó la muerte. Murió como vivió: entregada a su causa noble a la que dedicó todas sus fuerzas y toda su vida: los niños.

Su hijo Nelson, que trabaja en la organización de la madre, recordó que la mayor característica de su madre es que nunca le faltaba el coraje en su lucha difícil para salvar a miles de niños pobres de la desnutrición y el olvido.

La misionera laica, a sus 75 años, estaba llena de planes. Se preparaba para viajar este mismo año a Argentina, Colombia, Uruguay, México, República Dominicana y Angola. Sus más cercanos colaboradores continuarán el trabajo que ella deja incompleto, pero que ha sido ya fecundísimo.

El presidente del Congreso brasileño, Michel Temer, ha afirmado que la muerte de Zilda "deja millones de huérfanos en Brasil". También la Iglesia Católica de Brasil está de luto. Zilda había comenzado su trabajo como responsable de la Pastoral de la Infancia bendecida por la jerarquía. De Brasil, su obra acabó extendiéndose a otros 20 países del mundo. Recibió numerosos premios nacionales e internacionales por su trabajo humanitario.

Según Marie-Pierre, representante de Unicef en Brasil, este país "es hoy mejor gracias a la acción de Zilda" a favor de una pastoral basada en el respeto a los derechos de la infancia más pobre.

sábado, 16 de janeiro de 2010

LA BOHÈME, DE PUCCINI

- Rodolfo:
Chi son? Sono un poeta.
Che cosa faccio? Scrivo.
E come vivo? Vivo!
In povertà mia lieta
scialo da gran signore
rime ed inni d'amore.
Per sogni e per chimere
e per castelli in aria,
l'anima ho milionaria.
Talor dal mio forziere
ruban tutti i gioelli
due ladri: gli occhi belli.
V'entrar con voi pur ora,
ed i miei sogni usati
e i bei sogni miei
tosto si dileguar!
Ma il furto non m'accora,
poichè v'ha preso stanza
la speranza.
Or che mi conoscete,
parlate voi, deh! parlate. Chi siete?
Vi piaccia dir!

RITUAL

De manhã, bem cedo, quando vou comprar os jornais, sinto o cheiro do café se fazendo nas casas. Absorvo, com sensualidade matinal, aquele aroma e entendo-o como homenagem ao sol, que desponta para um dia maravilhoso. Amém!

De Hernán Ulm - diretor da Escuela de Filosofía de la Universidad de Salta, Argentina -, meu mais recente orientando de doutorado.

De Hernán Ulm - diretor da Escuela de Filosofía de la Universidad de Salta, Argentina -, meu mais recente orientando de doutorado
Acesse: www.professorlatuf.blogspot.com


você é tudo o que um orientador tem que ser: um estrategista nas diferentes situações. A sua recomendação de não parafrasear tanto foi chave naquele momento. A sua recomendação de que tinha que parafrasear foi chave neste outro. Eu achava que tinha parafraseado demais e por isso tinha medo de que a nota fosse mais baixa. Mas isso foi bom para não errar tanto no idioma. Você não é paradoxal: você é um general da academia!!!




Estive pensando: em um de nossos primeiríssimos contatos, sugeri que você não parafraseasse tanto Deleuze e outros filósofos; você me obedeceu. Preparando-o para a prova de português, orientei-lhe que parafraseasse; você o fez e tirou uma nota excelente. Sou paradoxal em meu amor total!


PS "General", eu? Sinto-me pai, mãe, irmão, colega, cúmplice, companheiro, amante. Já fui chamado de guru, mago e quejandos, mas prefiro denominações mais afetuosas.




















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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

LÍBANO MEU

'1. Há no Líbano 18 comunidades religiosas
'>'2. Há 40 jornais diários
'>'3. Há 42 universidades
'>'4. Há mais de 100 bancos (note, bancos e não filiais de bancos)
'>'5. 70% dos estudantes freqüentam escolas particulares
'>'6. 60% da população libanesa é cristã (é o mais alto percentual
em todosos países árabes)
'>'7. Há no Líbano um doutor para cada 10 pessoas (na Europa e nos
EUA, há um doutor para cada 100 pessoas)
'>'8. O nome LÍBANO aparece 75 vezes no Velho Testamento
'>'9. A palavra CEDRO (árvore do Líbano) também aparece 75 vezes no Velho
Testamento!
'>'10. Beirute foi destruída e reconstruída 7 vezes (por isto ela é
comparada à fênix)
'>'11. Há 3,5 milhões de libaneses no Líbano
'>'12. Há ao redor de 10 milhões de libaneses fora do Líbano!

'>'OUTROS FATOS INTERESSANTES:
'>'1. Líbano, o país, foi ocupado por 16 países (egípcios, hititas,
assírios,babilônios, persas, Alexandre o Grande, o império
romano bizantino, a PenínsulaArábica, os cruzados, o império
otomano, Inglaterra, França, Israel, Síria)
'>'2. Biblos (cidade no Líbano) é a mais antiga cidade
continuamente habitada no mundo
'>'3. O nome Líbano tem sido empregado por 4.000 anos (é o mais
velho nome de uma nação no mundo!)
'>'4. O Líbano é o único país na Ásia/África que não contém um
deserto
'>'5. Há 15 rios no Líbano (todos eles nascendo em montanhas
libanesas)
'>'6. O Líbano é um dos países que mais têm sítios arqueológicos,
no mundo!
'>'7. O primeiro alfabeto foi criado em Biblos (cidade no Líbano)
'>'8. O único templo remanescente de Júpiter (o principal deus
romano) fica em Baalbeck, Líbano (a Cidade do Sol)
'>'9. O nome de BIBLOS vem da Bíblia!
'>'10. Líbano é o país que tem o maior número de livros escritos
sobre si.
'>'11. O Líbano é o único país não-ditatorial no mundo árabe (Sim,
nós realmente temos um Presidente!)
'>'12. Jesus Cristo fez seu primeiro milagre no Líbano, em Sidon (o
milagre da transformação de água em vinho)
'>'13. Os fenícios (o povo original do Líbano) construíram o
primeiro barco e foram os primeiros a navegar mundo afora!
'>'14. Os fenícios também chegaram à América muito antes que
Cristóvão Colombo o fizesse
'>'15. A primeira escola de Direito no mundo foi criada no Líbano,
no centro de Beirute
'>'16. O povo diz que os cedros foram plantados pelas próprias mãos
de Deus(por isto eles são chamados "Os Cedros de Deus", e por
isto o Líbano é chamado"O País de Deus na Terra".)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

AFRICAN PROVERB

People are people because of other people.

DOLORES DURAN

Dolores Duran, nome artístico de Adiléia Silva da Rocha, (Rio de Janeiro, 7 de junho de 1930 — Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1959) foi uma cantora e compositora brasileira. [1]

Filha de um sargento da Marinha, começou a cantar muito cedo e, aos dez anos de idade, conquistou o primeiro prêmio no programa Calouros em Desfile, de Ary Barroso. As apresentações no programa tornaram-se frequentes, fixando-a na carreira artística. Quando Adiléia tinha 12 anos o pai faleceu e, a partir de então, teve que sustentar a família, cantando em programas de calouros e trabalhando no rádio como atriz.

A partir dos 16 anos adotou o nome artístico Dolores Duran. Autodidata, cantava em inglês, francês, italiano e espanhol. Ella Fitzgerald durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, nos anos 1950, foi à boate Baccarat especialmente para ouvir Dolores e entusiasmou-se com a interpretação de Dolores para My Funny Valentine - a melhor que já ouvira, declarou Fitzgerald. [2]

No final da década de 1940, Dolores estreou na Rádio Nacional, tendo sido contratada para se apresentar ao lado de nomes como Chico Anysio e Ângela Maria.

Em 1951, teve um relacionamento amoroso com João Donato, mas que não perdurou devido à oposição da família do rapaz, então com 17 anos, enquanto Dolores tinha 21. O namoro chegou ao fim, quando Donato foi morar no México.

A estréia de Dolores em disco foi em 1952, gravando dois sambas para o Carnaval do ano seguinte: Que bom será (Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Márquez) e Já não interessa (Domício Costa e Roberto Faissal). Em 1953, gravou Outono (Billy Blanco), e Lama (Paulo Marquez e Alice Chaves). Dois anos depois, vieram as músicas Canção da volta (Antonio Maria e Ismael Neto), Bom querer bem (Fernando Lobo), Praça Mauá (Billy Blanco) e Carioca (Antonio Maria e Ismael Neto).

Em 1955, casou-se com o radioator e músico Macedo Neto. No mesmo ano, foi vítima de um infarto, tendo passado trinta dias internada em um hospital. Dolores resolveu não seguir as restrições que os médicos lhe determinaram, agravando os problemas cardíacos que trazia desde a infância, problemas que só se agravaram com o tempo, pois abusava do cigarro (fumava mais de três carteiras por dia) e da bebida, principalmente a vodca e o whisky. Com isso, a depressão passou a marcar sua vida.

Em 1956, fez sucesso com a música Filha de Chico Brito, composta por Chico Anysio. No ano seguinte, um jovem compositor apresentou a Dolores uma composição dele e de Vinícius de Moraes. Tratava-se de Antônio Carlos Jobim em início da carreira. Em três minutos, Dolores pegou um lápis e compôs a letra da música "Por Causa de Você". Vinícius ficou encantado com a letra e gentilmente cedeu o espaço a Dolores. Foi revelado, a partir daí, o talento de Dolores para a composição e grandes sucessos se sucederam, como Estrada do Sol, Idéias Erradas, Minha Toada e A Noite do Meu Bem, entre outros.

Dolores passou por uma gravidez tubária (gravidez de alto risco que acarreta esterilidade materna e perda do feto), interrompendo o sonho de ser mãe. Em 1958, desquitou-se de Macedo Neto e passou meses na Europa com o conjunto musical. De volta ao Brasil adotou uma menina negra, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo, que foi registrada por Macedo Neto, mesmo estando ele separado de Dolores e a menina não ter com ele qualquer parentesco. A mãe biológica de Maria Fernanda Virgínia havia falecido após o parto. O pai, por sua vez, foi uma das vítimas da pior tragédia em trens suburbanos do Rio de Janeiro.

A partir daí, durante os dois últimos anos de vida, compôs algumas das mais marcantes músicas da MPB, como Castigo, A Noite do Meu Bem, Olha o Tempo Passando e Estrada do Sol, entre tantas outras.

Na madrugada de 23 de outubro de 1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram 'esticar' no Kit Club. A cantora chegou em casa às sete da manhã do dia 24. Brincou e beijou muito a filha, já com 3 anos, na banheira. Em seguida, passou os últimos cuidados à empregada Rita: "Não me acorde. Estou cansada. Vou dormir até morrer", disse brincando. No quarto, sofreu um infarto fulminante - que, à época, foi associado a uma dose excessiva de barbitúricos e álcool. [3]

A morte prematura de Dolores Duran, aos 29 anos, interrompeu uma trajetória vivida intensamente. A amiga Marisa Gata Mansa levou os últimos versos de Dolores para Ribamar musicá-los. Carlos Lyra fez o mesmo sobre os versos inéditos.
Dolores Duran foi um grande expoente, como cantora e compositora, do gênero samba-canção, surgido na década de 1930. Além dela, destacam-se nesse gênero Maysa Matarazzo, Nora Ney e Ângela Maria. O gênero samba-canção, pode ser comparado ao bolero pela exaltação do amor-romântico ou pelo sofrimento por um amor não realizado. O samba-canção antecedeu o movimento da bossa nova, surgido ao final da década de 50. Mas este último, um amálgama do jazz norte-americano com o samba do Rio de Janeiro, representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações, que substituíram o drama pessoal e as melodias melancólicas.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CLAUSURAS

Assistindo ao filme "Memórias de uma gueixa" (Memoirs of a Geisha,2005), dirigido por Rob Marshall, que se baseou no romance homônimo escrito por Arthur Golden,
dou-me conta de que também vivi, por quase dez anos, recluso como uma gueixa, pois um seminário é um local de disciplina férrea, castigos impressionantes, pressões inesquecíveis, desumanas repressões. Há, inclusive, no filme, rodado em Tóquio, dos anos 30 e 40, sentenças que poderiam ser ditas, "ipsis litteris" e "mutatis mutandis", pelos padres que me (de)formaram: "uma gueixa não tem a liberdade de amar"; "gueixas não têm desejos"; "gueixas não têm sentimentos". Fui deixado por um tio no Seminário Menor de Mariana-MG e jamais esquecerei o abandono e a solidão ímpares, que sofri naquele momento, eu, um menino de onze anos de idade e pureza total. Em determinada cena, uma gueixa diz que há, no templo, um poema, intitulado "A perda", mas as palavras foram rasuradas pelo poeta, porque não se pode ler uma perda, só senti-la. No seminário, eu era preparado para ser santo; na Niita okiya (casa de gueixas), uma menina é treinada para ser gueixa, cortesã, mulher do prazer. Um fim é sacro, o outro, profano, mas os meios são os mesmos: poder absoluto sobre a criança, "vendida" pela família à fé. A palavra "gueixa" traduz-se por "artista" e uma gueixa deve ser vista como uma obra de arte em movimento; "seminarista" significa aquele que está numa sementeira e deve espalhar a fé. No filme se diz que a casa é um mundo retrito para mulheres, assim como um seminário é só para homens. A rigorosa etiqueta da gueixa faz pensar na liturgia romana, de que eu era um "expert", um esteta "a priori". Agonia e beleza estão sempre juntas, diz a professora à aprendiz de gueixa; agonia e fé caminham "pari passu", me ensinavam, na teoria e na prática, os padres. Não guardo mágoa alguma dos meus tempos de seminarista, tampouco tenho queixa (perdão pelo infame trocadilho), até porque, sendo aluno que tirava o primeiro lugar, fui privilegiado, era uma flor de estufa e fui agraciado com bolsa para estudar na Pontificia Università Gregoriana, em Roma, de onde saem os cardeais. Lá, bem perto do Vaticano, um golpe de realidade quebrou o vidro de minha estufa e alcei vôo para Paris, lugar de minha libertação e onde começaria a ser uma "gueixa", no sentido de amante e praticante das artes.

P.S. Certa vez, perguntei a Walmir Ayala de qual país, por ele visitado, tinha gostado mais. Do Japão, respondeu-me. De minhas infindas leituras de Roland Barthes percebi a imensa admiração que nutria pela Japão (ele não gostou da China, aliás como eu)sobre o qual escreveu o belíssimo "Império dos signos". "Memórias de uma gueixa" mostra-me o absurdo requinte estético da país do sol nascente.

DEVASTED LAND

Aqui, no meu bairro, que tem um lindo nome - Porto da Roça -, havia, bem perto desta casa, que ostenta uma placa "Casa del poeta Latuf", trazida de Granada, na Espanha, por meus amicíssimos Roseana Murray e Juan Arias, um terreno cheio de úberes mangueiras. A cada vez que eu passava por aquelas bandas, contemplava, absorto, as árvores, que vieram da Índia e se aclimataram totalmente ao solo brasileiro, "onde em se plantando tudo dá", como diz a profecia de Pero Vaz de Caminha, o primeiro escriba do Brasil. Recentemente, o terreno foi vendido e a primeira atitude que o novo proprietário tomou foi derrubar aquelas seculares mangueiras. Não contente com a assassina depredação, ele, o desumano, botou fogo na terra. Quando revejo o ex-bosque de mangueiras, quase choro e me lembro de uma bela crônica do Walmir Ayala, deplorando a derrubada de uma palmeira, que existia em frente à sua casa colonial, na Vila; no lugar da árvore assassinada, seria construído um edifício.
De todo aquele mangueiral, restam as mangueiras frondosíssimas da casa em frente; certamente, além de vizinhas, eram parentes, que sossobraram para contar a trágica história. O lote incinerado me parece um campo de concentração, onde jazem mangueiras, outrora maravilhosas. Outrora...

NO PLANETA TODO, SÓ HÁ UM PROFESSOR LATUF

Boa noite Latuf!
Boas vibrações neste novo ano!!!
Minha irmã fez vestibular para Cederj/Pedagogia e me disse que em uma das questões
foi citado o nome de um professor da UFF - Latuf. Ela logo veio me contar, pois sempre
falo de você por aqui... É você mesmo não é?! :)
Beijos!
Paula C. F. do Nascimento.

O CIÚME, CAETANO VELOSO

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas

De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme

O BANQUETE DE EROS

Em "O banquete", Platão promove uma festa, onde seis convivas proferem, cada um à sua maneira, um discurso sobre o amor. Já, no filme "Eros", de 2004, dirigido por Steven Soderbergh, são apresentadas três versões sobre o amor. No primeiro episódio, intitulado "A perigosa linha das coisas", Michelangelo Antonioni (1912-2007) filma, na costa da Toscana atual, um casal que se agride nos fins de uma relação; em seguida, o marido reencontra o amor em uma mulher misteriosa, mas que, sem mais nem menos, desaparece. Passada na Nova York em 1955, a cena de Steven Soderbergh aborda o amor num sonho reiterativo que um paciente relata a seu psiquiatra, um "voyeur" em sua própria vida real e da vida do analisando. O episódio final - "A mão" -, dirigido por Wong Kar Wai, passa-se em 1963, em Hong Kong, onde um jovem aprendiz de alfaiate se apaixona pela mulher, cujo corpo modela; a cortesã, todavia, só pensa nos modelos novos para exibir a seus novos amantes. Costurando a trilogia amorosa, uma bela canção de Caetano, "Michelangelo Antonioni", sobre a qual são, qual palimpsesto, justapostas imagens oníricas:
Visione del silenzio
Angolo vuoto
Pagina senza parole
Una lettera scritta
Sopra un viso
Di pietra e vapore
Amore
Inutile finestra

Para Antonioni, Eros é o poema; segundo Soderbergh, é um sonho; na concepção do cineasta chinês, amor é tato.
Nem a filosofia da Grécia arcaica nem o cinema conseguem definir o que é o amor; já me dissera em Roma uma condessa decadente: "le cose si sentono". O amor não se define: sente-se. Ponto, parágrafo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

AGENDANDO-ME

Nesta canícula quase insuportável, imito meu cão, o Guto, que procura os lugares mais frescos da casa, dos jardins e dos quintais, deixando-se espreguiçar. Definitivamente, ele é um Macunaíma, totalmente sem caráter, mas com toda sabedoria. Para enfrentar este calor senegalesco, ele não precisa, apesar de seus espessos pêlos dourados, nem de ventilador nem de ar condicionado. Mas sabe evitar os tapetes que cobrem o chão de minha casa, libanesa, com certeza.
Na mesa de mármore de Carrara, com mosaicos de pedras preciosas, instalada em minha varanda, vou perfazendo o ritual de todo começo de ano: atualizar minha agenda quanto aos aniversários, inclusive os de meu Pai e de minha Mãe, já na dimensão sideral. Embora saiba de cor todos os natalícios da família, gosto de reinscrever suas datas porque é como se eu já começasse a festejá-los "a priori"; sei, igualmente, as datas dos aniversários dos meus seletos amigos, que, com fervor, celebro. Um dado entusiasta com relação a escrever em agenda consiste em dar-me conta de que sobrevivi a tantos compromissos, resisti a tantas pressões, conclui etapas e abri outros horizontes; já o lado nostálgico da agenda, sempre prospectiva, que passo a limpo, basendo-me na do ano anterior, é o fato de constatar que inexoravelmente passamos e não é o tempo que passa, como se diz; se a metáfora do tempo é o rio, somos levados por esse rio. Para onde? O mistério a tudo rege. É a vida um imperscrutável mistério, que a Arte ressignifica o tempo todo.

GRACIAS A LA VIDA/GRAÇAS À VIDA

GRACIAS A LA VIDA GRAÇAS À VIDA
Trad. Latuf Isaias Mucci
Violeta Parra
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro Me deu dois luzeiros, com que, ao abrir,
Perfecto distingo lo negro del blanco Distingo perfeitamente o preto e o branco
Y en el alto cielo su fondo estrellado E, no céu alto, seu fundo estrelado
Y en las multitudes el hombre que yo amo E, nas multidões, o homem que amo.
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho Me deu o ouvido que em sua amplidão
Graba noche y día grillos y canários Grava, dia e noite, grilos e canários
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos Martírios, turbinas, latidos, chuvaradas
Y la voz tan tierna de mi bien amado E a voz tão terna de meu bem-amado
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me ha dado el sonido y el abecedário Me deu o som e o abecedário
Con él, las palabras que pienso y declaro Com ele, as palavras que penso e digo
Madre, amigo, Hermano Mãe, amigo, Irmão
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando E a luz alumbrando a rota da alma de quem estou amando
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados Me deu a marcha de meus pés cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos Com eles andei em cidades e poças
Playas y desiertos, montañas y llanos Praias e desertos, montanhas e planícies
Y la casa tuya, tu calle y tu pátio E em tua casa, tua rua e teu pátio
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me dio el corazón que agita su marco Me deu o coração que bate forte
Cuando miro el fruto del cerebro humano Quando olho o fruto do cérebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo Quando olho o bem tão longe do mal
Cuando miro el fondo de tus ojos claros Quando olho o fundo de teus olhos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto Graças à vida que me deu tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto Me deu o riso e me deu o pranto
Así yo distingo dicha de quebranto Assim distingo felicidade e aflição
Los dos materiales que forman mi canto Os dois meios que formam meu canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto E o vosso canto que é o mesmo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto E o canto de todos que é o meu próprio canto canto
Gracias a la vida, gracias a la vida Graças à vida, graças à vida

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"O PIANISTA" OU O SOM DA LIBERDADE

Falar de horrores da guerra é cometer, literalmente, um pleonasmo crasso. Só o ser humano faz, desumanamente, desde que o mundo é mundo, guerras: guerras locais, regionais, nacionais, civis, mundiais. Assistindo a "O pianista", de Roman Polanski, revejo a guerra e seus inomináveis horrores. Nasci durante a segunda guerra mundial, assim como Mário de Andrade morreu, de desgosto, durante essa mesma guerra. Tenho horror absoluto a toda guerra, por qualquer motivo que seja: religioso, de dominação, de segregação, de conquista de território... Haverá um motivo para a guerra? Nenhuma guerra é santa, a não ser na retórica de Obama, que repete, em pleno século XXI, o código sanguinolento das cruzadas. "O pianista" não foge aos clichês de todo filme sobre a perseguição nazista aos judeus. São as mesmas imagens do mais absurdo horror. Mudam-se os tempos, mudam-se as geografias, mudam-se os execrados, mas o horror, face à tecnologia a-ética, continua ainda mais horripilante.
Num de seus vários refúgios, o protagonista- pianista está trancafiado, proibido de fazer qualquer barulho, num quarto onde há um piano, de que ele ouve, mentalmente, a música à medida que vai simulando tocar as teclas; aliás, em várias cenas o herói (verdadeiramente um herói) dedilha teclas de um piano imaginário.
O "turning point" de "O pianista" ocorre quase no final do filme, quando, acuado em seu último esconderijo, Szpilman tem que provar que é pianista. Tocado em uma corda recalcada de sua sensibilidade, o soldado alemão comove-se e passa a ter amizade pelo judeu. A música salva, repertir-se-ia com Nietzsche, filósofo alemão, irmão-gêmeo de Dioniso. Chopin foi a senha da liberdade, a senda da libertação.

domingo, 10 de janeiro de 2010

MOZART, ARTE DIVINA

Foi em 1984, justamente quando do lançamento do filme "Amadeus", escrito por Peter Shaffer, dirigido por Milos Forman, que o vi, guardando, desde então, uma lembrança muito vívida dos arrepios que aquelas três horas de duração me provocaram. 26 anos depois, eu me pergunto o que me impressionou tanto naquele filme, premiado oito vezes com o Oscar. Não me lembro. Lembro-me do encantamento total, agora renovado e ampliado. Terei eu mudado, aprimorando minha sensibilidade, totalmente voltada para a música, que sempre considerei a mais sublime de todas as artes; é a música irmã-siamesa da Literatura, à qual me devoto dia e noite. F. Murray Abraham, que encarna, diabolicamente, Antonio Salieri (1750-1825), rival, no filme, de Mozart (Johan Chrysostomos Wolfgang, 1756-1791) marca a história do cinema universal como ator paradigmático; já o personagem Mozart, representado por Tom Hulce, realça,de maneira brilhante, a obscenidade, a ingenuidade e o caráter infantilmente alegre do famosíssimo artista austríaco. É o filme uma ode a Mozart, ao mesmo tempo que é o ódio, destilado por Salieri, arquétipo de inveja, assim como Otelo o é do ciúme. Para além de Mozart e Salieri, há um terceiro protagonista, a música, que não é pano de fundo das emoções e das imagens, mas fulgurante figura. Como outro personagem shakesperiano - Hamlet -, Mozart é assombrado pelo fantasma do pai, que o provoca a compor obras-primas. Jamais haverá uma leitura da obra mozartiana como a feita por seu desafeto, que tanto o admirava quanto o odiava. Na corte de Joseph II, o menino Mozart é o "enfant gâté", que gera inveja, ciúme e rivalidade. Revendo, mais embevecido que nunca, esse filme, lembrei-me de vários amigos, amantes da arte: o Joel Cardoso foi quem me surgiu primeiro, porque toca piano no meio da selva amazônica; o Padre Joaquim Meireles Maia, que, a essa altura da eternidade, já está no céu, ao lado de Beethoven, como ele queria, reapareceu-me, em copiosas lágrimas; Geruza Coutinho, minha melhor amiga habitante no exterior me veio à mente pela incrível semelhança física com a atriz que faz o papel da esposa Constanza: Elizabeth Berridge. Face ao diabólico Salieri, esplende "a voz de Deus", encarnada em Mozart, tomado pela paixão musical, pela gaia arte, pela luxúria da ópera. "Harmonia perfeita", "beleza absoluta", "a própria voz de Deus" são expressões que pontuam o filme, compondo o retrato de Mozart, que o filme "Amadeus" eterniza de outra forma. O "Requiem" mozartiano não é música de depressão, tampouco se trata de "fogos de artifício", mas glorificação do que há de mais divino no ser humano, daquilo que o torna semelhante à divindade. Filmado em Praga (cidade em que me apaixonei pela primeira vez), no mesmo teatro em que estreou "Don Giovanni", "Amadeus" celebra, divinamente, a música, oferecendo, "per omnia secula seculorum", um êxtase.

Lingua portuquesa é difícil.....até para fazer Amor!

AMÁ-LA ou AMAR-TE?

Amar é....

O marido, ao chegar a casa, no final da noite, diz à mulher que já estava deitada :
- Querida, eu quero amá-la.
A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:
- A mala... ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.
- Não é isso querida, hoje vou amar-te.

- Por mim, você pode ir até Júpiter, até Saturno e até à puta que o pariu, desde que me deixe dormir em paz...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MIKA, LIBANAIS?

Depuis que j’ai pris connaissance, par You Tube, d’un certain Mika, chanteur né a Beyrouth, je me suis interessé en savoir plus sur ce jeune qui, d’après les informations de l’Internet, est le plus grand phénomène de la music pop actuelle. Né d'une mère libanaise et d'un père américain à Beyrout, au Liban, le 18 Août 1983, donc sous le signe du soleil, Michael Holbrook Penniman , dit Mika, a commencé son travail de musicien et chanteur en 2006 et son premier album, sorti le 5 février 2007 ,s'est écoulé à plus de 750 000 exemplaires en France et au total 4 000 000 dans le monde. Ses informations, obtenus chez Wikipédia, en français, portugais et anglais, révèlent encore que ce jeune, chanteur de pop anglaise, est de nationalité libano-anglaise vivant à Londres et que sa famille, quand il avait un an, quitta le Liban pour Paris, où ils ont vécu pendant environ 8 ans, démenageant, ensuite, à Londres.
Plein de curiosité à propos de ce chanteur, né à Beyrout, la ville détruite tout le temps et tout le temps rebâtie, j’ai acheté son premier dvd « Mika live » (2007), que j’ai vu les yeux et le coeur bien ouverts. Ce spectacle fut enregistré à l’Olympia, à Paris, et, pourtant, le chanteur parle très peu français, ayant préféré l’anglais. Il dit, au début, « Bon soir, Paris », et, vers la fin du concert, avant de chanter certaine chanson – « Je l’ai chantée à Perpignan pour 15 personnes ». Fils de père libanais et mère brésilienne, né au Brésil et ayant visité le Liban avant la guerre de six jours (une guerre qui ne finit jamais, malgré les six jours, comme la construction du monde par Dieu, selon la Bible), et ayant vécu dix ans en Europe, je me suis étonné que Mika ne parle pas en français avec son public parisien. Quel sorte de libanais est celui-là ? Où pourrai-je trouver sa nationalité libanaise ? Dans quels de ses traits y-a-t-il le registre de traíts libanais ? Il a une tête libanaise, belle et enigmatique. Sa danse, androgyne, très androgyne, comme le chanteur brésilien Ney Matogrosso (né en 1941 et toujours en tournées frénétiques), comme Mick Jagger et Fred Mercury nom artistique de Farrokh Bommi Bulsara, 1946-1991, né à Zanzibar) me fait penser à la danse au Moyen Orient, faite par des hommes; en réalité, Mika saute tout le temps, mais il essaye,quand même, quelques fois, certians mouvements de la danse du ventre. S’il a chosit la langue anglaise, c’est, sûrement, parce que c’est la langue du show business post-rock, comme l’italien et le français furent la langue officielle de l’opéra. Peut-être il est mulsuman, qui parle anglais, et pas chrétien, qui parle le français ; pourtant, m’informe un très cher ami parisien qu’il y a des musulmans qui parlent français. Dans sa musique, j’écoute le rytme libanais, avec beaucoup de tambours ; il y manque, pourtant, peut-être, un luth lointain, un oud.
En regardant attentivement Mika, je pensais, tout le temps, à mon cousin Antoine Derbedrossian, que j’ai rencontré justement à Londres, dans les années 60 ; il était de Tripoli, au Nord du Liban, et s’exila en Europe. Après Londres, il est parti pour La Haye, où je suis allé le retrouver ; là, il avait changé son prénon français pour Antonov, un prénom de son origine arménienne. Que sera devenu mon Antoine, après tout ce temps et tants d’événements ? Je l’ai trouvé toujours malheureux, malgré son immense succès chez les filles françaises, anglaises, hollandaises,suédoises... Il avait une amertume profonde. Il ne pouvait plus vivre dans son Liban perdu, définitivement perdu. Mika serait, pour moi, nostalgique, la résurrection de mon cousin Antoine, un acteur sans scène, sauf son imagination prodigieuse, son discours séducteur et sa performance inouïe, que seulement quelques rares privilegiés connaissaient.
Somme toute, Mika est une mélange très très post-moderne. Et je crains qu’il perde son identité libanaise – si jamais il en a une -, car c’est un projet mondial , j’en suis sûr et certain, pour faire disparaître l’ethnie du Liban, aussi vieux que la Bible. Mais, n’oublions jamais, que le Liban c’est la Phénicie et tel quel le mythe de la Phénix, il ressurgit, toujours, des cendres...
Au milieu de la foule qui chantait et dansait avec Mika, j’ai vu flotter, subtilement, un drapeau libanais, indice insuspect de ce que quelque part l’on sait que Mika est né à Beyrouth, d’une mère libanaise.

CASTRO CAMERA

O filme "Milk, a voz da igualdade", escrito por Dustin Lance Black e dirigido por Gus van Sant, portagonizado por Sean Penn - ganhador do Oscar de melhor ator -, narra a história de Harvey Milk (1930-1978), o primeiro "gay" assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA. Trata-se da estratégia de luta para vencer arraigados preconceitos em uma sociedade cristã, que execra todos aqueles que não seguem o seu cruel código. Naqueles anos "hippies" - décadas de 60 e 70 -, eu estava em Londres, andava descalço, dançava "Hair" no Shaftesbury Theatre e via, perplexo, a repressão policial contra todos aqueles que não seguiam os preceitos da rainha Victoria, morta, há mais de meio século, contudo ainda reinante nas mentes britânicas. "Juramos lutar", "Protejam nossos direitos humanos", "Direitos dos gays já" ("now", em inglês; no Brasil, o advérbio "já" marcou o movimento da democratização, exigindo eleições diretas "já"), "Continuemos lutando", "Nunca irei para trás", "Há que se destruirem mitos e mentiras" foram vibrantes insígnias do movimento em prol dos direitos dos homossexuais, que eclodiu no bairro Castro, em São Francisco, na Califórnia e terá se espalhado, não só nos EUA, como no mundo inteiro. Percebi, também, no filme, que o "slogan" "Brasil, ame-o ou deixe-o", que vi, colado no pára-brisa de um carro, quando desembarquei no Rio, depois de 10 anos na Europa, e me assustou, é tradução direta do movimento "gay" estadunidense, pois Milk o usou num dos seus discursos: "America, love it ou leave it". Nos EUA, o sintagma era revolucionário, enquanto que, no Brasil dos anos de chumbo, era ditatorial a mesma expressão, expulsando, do nosso País, artistas e políticos da esquerda. Outro dado brasileiro do filme é a presença luminosa de Bidu Sayão, que canta "Tosca", a que Milk assistiu deslumbrado. Em determinado momento do filme, justamente na primeira "Gay freedom parade", que se transformaria nas mundiais paradas de orgulho "gay", toca-se a célebre canção "Over the rainbow", alusão direta ao arco-íris, símbolo da liberdade homossexual. O filme-documentário termina com o assassinato de Harvey Milk, tornado mártir da liberdade, como Mahatma Ghandi, Martin Luter King e John Lennon, por exemplo. O héroi da causa da liberdade para uma minoria (maioria) perseguida nos EUA, como nos tempos de Hitler, citado, aliás, várias vezes, discursara certa vez, afirmando que a bala que atingisse seu cérebro devia arrombar todos os armários ("estar no armário" é metáfora para o homossexual enrustido, aquele que se nega tal, que, por vários motivos, sobretudo familiares, se esconde). Uma palavra-chave do arrebatador filme é "esperança", a esperança que deve sempre brilhar, como as chamas das milhares de velas que iluminaram o enterro de Harvey Milk, que, a partir de sua loja "Castro camera" (Castro era, à época, o gueto gay de São Francisco) promoveu uma revolução pela liberdade de expressão e de vida de gays, asiáticos, latinos, judeus, ciganos, negros, velhos, deficientes, de toda uma população mundial, enfim,que os "podres poderes" insistem em perseguir. Harvey Milk começava sempre os seus incendiários discursos com esta frase: "Sou Harvey e estou aqui para recrutá-los". Ouço John Lennon cantando: "Come together right now!"

Henry Brooks Adams

"Un profesor trabaja para la eternidad: nadie puede decir dónde acaba su influencia."

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

CAMINANTE, DE ANTONIO MACHADO (1875-1939)

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada mas;
Caminante, no hay camino;
se hace el camino al andar.
Al andar se hace camino
Y al volver la vista atras
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
si no estelas en la mar.

MAYSA (1936-1977), NUA DE CORPO E ALMA

A voz plena de Maysa enchia, o tempo todo, os cantos e recantos de nossa casa em Santa Teresa, bairro de Belo Horizonte-MG. Jamais esquecerei aquela voz naqueles momentos sublimes, em que eu parava tudo para só ouvir Maysa.Duas coisas são únicas em Maysa: a voz e os olhos, profundamente verdes, ferinos e felinos. Décadas mais tarde, vejo, sem fôlego, o filme "Maysa, quando fala o coração", de Manoel Carlos e Ângela Chaves, com direção de Jayme Monjardim e estrelado por Larissa Maciel. Continuo alumbrado com a beleza da voz e a personalidade da cantora carioca, uma espécie de Billie Holliday tropical. Marcado por um requinte hollywoodiano, tem o filme uma estética caleidoscópica, enviesada até, sobrepondo imagens, lembranças e canções, com voltas, volteios e reviravoltas, configurando, não só a história dramática da cantora, como a da própria MPB, sobretudo com a aurora da Bossa Nova, e a história do Brasil. A protagonista atua de maneira absolutamente sedutora, emprestando seus olhos e sua elegância à real Maysa. A trilha sonora são as próprias canções que Maysa, poeta, compôs e cantou. Ela canta, também, em espanhol, inglês e francês. Lembro-me de que, num "cd" com as canções dos filmes de Almodovar, eu adorei ouvir "Ne me quitte pas", do belga Jacques Brel (1929-1978), e descobri, entusiasmado, que era Maysa quem a interpretava. Jamais gostei do rótulo "Fossa", que se colou à arte da compositora de "Ouça"; fica muito claro, no filme, que ela odiava qualquer etiqueta. Ela é romântica e ponto. Em todas as canções que interpreta, inclusive as da "Bossa Nova", imprime seu selo original: um lirismo sangrando, mas, jamais, auto-piedoso. Totalmente confessional, a narrativa do filme nunca é piegas, mesmo provocando lágrimas face aos dramas amorosos. Assistindo ao filme, lembro-me, imediatamente, de "La Môme ("Piaf", no Brasil), de Olivier Dahan, não só porque Larissa Maciel é tão excelente atriz quanto a francesa Marion Cotillard, galardeada com o Oscar de melhor atriz, como, principalmente, porque a vida de Piaf e a vida de Maysa têm muitas semelhanças, face ao fato de serem exageradamente românticas; aliás, Maysa verteu para o português a canção-chave da parisiense, "Hymne à l'amour". Outra cantora que poderia ser irmã-gêmea de Maysa é Dalida (nome artístico de Iolanda Christina Gigliotti, 1933-1987),egípcia, francesa e italiana, tão bela quanto infeliz por causa de amores inconclusos e tumultuados. Ao fim do longo filme (mais de seis horas de duração), revejo-o, já em minha memória, como uma linda história de amor entre mãe e filho; tenho, ainda, a nítida impressão de que, dirigindo a obra, Jayme Monjardim, filho da artista, presta-lhe uma homenagem, fazendo, de certa forma, um acerto de contas com a vida. Lembro-me, então, do que me disse Walmir Ayala (1933-1991), o protéico escritor gaúcho, que viveu no Rio e está enterrado aqui em Saquarema: seu mais premiado romance - "À beira do corpo", de 1964 - representou para ele a reconciliação com seu pai. No Brasil, país de grandes cantoras - Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Elza Soares, Dolores Duran, Aracy de Almeida, Marina, Marisa Monte, Ângela Rô-Rô, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto, Zizi Possi, Selma Reis, Bethânia, Gal Costa, Tamara Taxman, Elba Ramalho, Maria Rita, Elis Regina, Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Nora Ney, Nara Leão, Nana Caymmi, Simone, Alcione, Bidu Sayão...-, Maysa emblema a canção em sua essência vivida. Consta que o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) escreveu em 14/07/1962: " Hallarás aquí el más hermoso canto al amor y la más dulce protesta por el sufrimiento. En definitiva, te hallarás tú, en tu dolor, tu amor y tu soledad". Definitivamente, os poetas se entendem. Com um texto muito bem articulado, com imagens fascinantes e, sobretudo, com a música sublime, "Maysa, quando fala o coração" é uma epópeia do amor, que se busca a si mesmo. O amor não se encontra, mas fica a beleza da busca.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mahatma Gandhi

"No se nos otorgará la libertad externa más que en la medida exacta en que hayamos sabido, en un momento determinado, desarrollar nuestra libertad interna."

PANIS ANGELICUS

Aquele que carrega o trigo
é o mesmo que descarrega o trigo
e faz comigo
aquilo que se faz com o trigo
para fazer o pão.

LUCIANO PAVAROTTI (1935-2007) PER SEMPRE

No Natal de 2009, ficou estabelecido, na casa de minha irmã-caçula, que o presente de "amigo oculto" seria um vale-livro, no valor de R$ 35,00. Ganhei três vales e fui correndo à livraria Leitura trocá-los. Lá chegando, optei por não trocá-los por livro e, sim, por um "dvd", que me chamou, logo, a atenção: "Pavarotti, the duets", de 1999. De há muito, já tenho o "cd" do mesmo "show", mas ver a imorredoura imagem do maior tenor do século XX é uma dádiva. Com efeito, não consigo tirar os olhos da figura de Pavarotti, talvez um pouco grotesco, mas, certamente, possuidor de uma voz sublime. Fazendo parceria com Bryan Adams, Andrea Boccelli, Bon Jovi, Bono, James Brown, Sheryl Crown, Mariah Carey, Céline Dion, Eurytmics, Elton John, Lionel Richie, Sting e Zucchero (não há nenhum latino-americano, que lástima!), o italiano de Modena sobressai em todos os duetos, mantendo uma atitude elegantíssima com relação ao outro, que ele, no entanto, não olha, pois, enquanto está cantando, concentra-se intensamente na música, única realidade plena. Na alegria do dueto "Sole mio" com Bryan Adams, percebi que Luciano Pavorotti é um sol, mesmo que só continue a brilhar e a soar graças à techonologia. É injusta a morte por apagar aquela voz. No dueto com Zucchero - "Miserere" -, há este refrão; "misero me. Brindo a la vita!" Feliz, brindo à voz eterna de Pavarotti.

domingo, 3 de janeiro de 2010

CLÁUDIA DAMASCENO, MUSA

Caríssimo Latuf, o seu blog é, na verdade, a sua biografia. Por isso é tão rico, eclético, ecumênico, poético, literário... pois a sua vida é uma belíssima história de amor. Com amor, Cláudia

sábado, 2 de janeiro de 2010

LA POESÍA, OCTAVIO PAZ

¿Por qué tocas mi pecho nuevamente?
Llegas, silenciosa, secreta, armada,
tal los guerreros a una ciudad dormida;
quemas mi lengua con tus labios, pulpo,
y despiertas los furores, los goces,
y esta angustia sin fin
que enciende lo que toca
y engendra en cada cosa
una avidez sombría.
El mundo cede y se desploma
como metal al fuego.
Entre mis ruinas me levanto,
solo, desnudo, despojado,
sobre la roca inmensa del silencio,
como un solitario combatiente
contra invisibles huestes.
Verdad abrasadora,
¿a qué me empujas?
No quiero tu verdad,
tu insensata pregunta.
¿A qué esta lucha estéril?
No es el hombre criatura capaz de contenerte,
avidez que sólo en la sed se sacia,
llama que todos los labios consume,
espíritu que no vive en ninguna forma
mas hace arder todas las formas
con un secreto fuego indestructible.
Pero insistes, lágrima escarnecida,
y alzas en mí tu imperio desolado.
Subes desde lo más hondo de mí,
desde el centro innombrable de mi ser,
ejército, marea.
Creces, tu sed me ahoga,
expulsando, tiránica,
aquello que no cede
a tu espada frenética.
Ya sólo tú me habitas,
tú, sin nombre, furiosa sustancia,
avidez subterránea, delirante.
Golpean mi pecho tus fantasmas,
despiertas a mi tacto,
hielas mi frente
y haces proféticos mis ojos.
Percibo el mundo y te toco,
sustancia intocable,
unidad de mi alma y de mi cuerpo,
y contemplo el combate que combato
y mis bodas de tierra.
Nublan mis ojos imágenes opuestas,
y a las mismas imágenes
otras, más profundas, las niegan,
ardiente balbuceo,
aguas que anega un agua más oculta y densa.
En su húmeda tiniebla vida y muerte,
quietud y movimiento, son lo mismo.
Insiste, vencedora,
porque tan sólo existo porque existes,
y mi boca y mi lengua se formaron
para decir tan sólo tu existencia
y tus secretas sílabas, palabra
impalpable y despótica,
sustancia de mi alma.
Eres tan sólo un sueño,
pero en ti sueña el mundo
y su mudez habla con tus palabras.
Rozo al tocar tu pecho
la eléctrica frontera de la vida,
la tiniebla de sangre
donde pacta la boca cruel y enamorada,
ávida aún de destruir lo que ama
y revivir lo que destruye,
con el mundo, impasible
y siempre idéntico a sí mismo,
porque no se detiene en ninguna forma
ni se demora sobre lo que engendra.
Llévame, solitaria,
llévame entre los sueños,
llévame, madre mía,
despiértame del todo,
hazme soñar tu sueño,
unta mis ojos con aceite,
para que al conocerte me conozca.


Octavio Paz. México, 1940

DUST IN THE WIND, by Steve Walsh

Dust In The Wind Poeira No Vento

I close my eyes Eu fecho meus olhos
Only for a moment apenas por um momento
And the moment's gone E o momento se foi
All my dreams Todos os meus sonhos
Pass before my eyes,a curiosity passa diante dos olhos uma curiosidade
Dust in the wind Poeira no vento
All they are is dust in the wind Tudo que eles são é poeira no vento

Same old song A mesma velha música
Just a drop of water Apenas uma gota de água
In an endless sea Em um mar interminável
All we do Tudo o que fazemos
Crumbles to the ground destroçando ao solo
Though we refuse to see Embora nós nos recusamos a ver
Dust in the wind Poeira no vento
All we are is dust in the wind, ohh Todos nós somos é poeira ao vento,

Now, don't hang on Agora, não desperdice o minuto
Nothing lasts forever Nada dura para sempre
But the earth and sky Apenas o céu e a terra..
It slips away Isso vai embora
And all your money E todo o seu dinheiro
Won't another minute buy Não comprará outro minuto
Dust in the wind Poeira no vento
All we are is dust in the wind Tudo o que somos é poeira no vento
Dust in the wind Poeira no vento
Everything is dust in the wind Tudo é poeira no vento
The wind no vento.

ASSIM ME NOMEOU O DR. MESSIAS

DalaiLatuf

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nikos Kazantzakis (1883-1957)

We have seen the highest circle of spiraling powers. We have
named this circle God. We might have given it any other name
we wished: Abyss, Mystery, Absolute Darkness, Absolute Light,
Matter, Spirit, Ultimate Hope, Ultimate Despair, Silence.
We come from a dark abyss, we end in a dark abyss, and we call the luminous interval life.

Δεν ελπίζω τίποτα. Δε φοβούμαι τίποτα. Είμαι λεύτερος.
I hope for nothing. I fear nothing. I am free.

FRASES PERFEITAS NO REVEILLON SAQUAREMENSE

"Que mesa perfeita! Montar uma mesa assim requer arte! Que arranjo maravilhoso de copos, pratos e talheres", repetia, com um largo sorriso, Kátia, médica carioca, convidada especialíssima para a ceia de "réveillon", oferecida por Roseana Murray e Juan Arias. Eu a tudo ouvia e consentia plenamente com os comentários elogiosos.
"Saquarema só tem jovens", exclamava, vendo o belo cortejo rumo à praia, Juan, sábio septuagenário. Rejuvenescemo-nos, o tempo todo, nas águas de Saquarema, confirmava eu àquele escritor, ícone de eterna juventude.

O REVEILLON DA FRANCIANE MELLO

Foi esplêndido o primeiro "réveillon" de Saquarema sob a condução de nossa nova prefeita, quando se confirmou, mais uma vez, a vocação de nossa cidade para a paz, a tranqüilidade, a alegria, o estar bem, enfim. Na passagem de 2009 para 2010, o já tradicional espetáculo na Praia da Vila teve cores e formas novas, usufruídas por centenas de pessoas, que gritavam "Oh!" e sorriam por fazerem parte de tamanha beleza.
De minha parte, contemplei, da mansão marítima de Roseana Murray e Juan Arias, que me convidaram para uma maravilhosa ceia, o estonteante espoucar de fogos de artifício. Com uma taça de champagne "Möet et Chandon" nas mãos, brindamos ao Ano Novo e à felicidade de termos poucos e grandes amigos. Depois de breve chuva, que refrescara de muito o calor de verão, o céu estava nublado, como que fazendo pano de fundo para a euforia dos fogos; a lua tampouco quis aparecer, preferindo esconder-se em nuvens acolhedoras. Como a praia e a praça são do povo, o céu da virada era um pano de fundo infinito.
Contemplando, qual criança que não quer envelhecer, toda aquela pirotecnia sem assinatura, eu olhava mais além e me deslumbrava, como sempre, com a beleza impassível de nossa tricentenária Igrejinha de Nossa Senhora de Nazareth, que tem uma iluminação que não se apaga em lágrimas de estrelas; esse templo barroco esplende, em todas as épocas do ano, ao sol e à lua, protegendo as ondas e os adoradores da praia. Quase ainda sonânbula, vinda do ano que acabava de findar, a lua cheia deu, finalmente, as caras, desfilando, sem tempo, soberanamente sobre um céu , cujo azul fora palco de fogos fugazes.

DIAGNÓSTICO DO DR. JOSÉ AUGUSTO MESSIAS

"Se você, depois dos cinqüenta anos de idade, acordar sem nenhuma dor, é porque estará morto".